Publicação oficial da Associação Brasileira de Estomaterapia
- SOBEST e da Associação Brasileira de Enfermagem em Dermatologia- SOBENDE.
*Adaptação cultural realizada por Profa Drª Maria Helena
Larcher Caliri, Profª Drª Vera Lucia Conceição de Gouveia Santos, Drª Maria
Helena Santana Mandelbaum, MSN Idevania Geraldina Costa
O National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) é uma
organização norte-americana, sem fins lucrativos, dedicada à prevenção e ao
tratamento de lesões por pressão. Formado em 1986, o conselho diretor é
multidisciplinar, composto de especialistas em lesões por pressão e líderes de
diferentes áreas da saúde que compartilham o compromisso da organização. O
grupo dispõe de autoridade para emitir recomendações para o desenvolvimento de
políticas públicas, educação e pesquisa visando à melhoria dos resultados na
prevenção e tratamento das lesões por pressão. O NPUAP com o suporte de
múltiplas corporações, organizações e agências governamentais tornou-se uma
entidade reconhecida internacionalmente. O European Pressure Ulcer Advisory
Panel (EPUAP) e a Japanese Society of Pressure Ulcers utilizaram o modelo do
NPUAP para criar as suas organizações. O NPUAP e o EPUAP junto com a Pan
Pacific Pressure Injury Alliance (PPPIA) publicaram, em 2014, a última versão
das Diretrizes Internacionais sobre Úlcera por Pressão, utilizada no mundo
todo, com adaptações para as realidades específicas de cada país. As
recomendações dessas diretrizes são fundamentadas em revisões sistemáticas de
literatura, contendo estudos realizados em diversos contextos inclusive o
brasileiro, bem como na expertise de especialistas de diferentes disciplinas do
mundo todo (seja por meio de reuniões presenciais ou de consulta pública).
No dia 13 de abril de 2016, o NPUAP anunciou a mudança na
terminologia Úlcera por Pressão para Lesão por Pressão e a atualização da
nomenclatura dos estágios do sistema de classificação. Acreditando na
importância da disseminação dessas informações para os profissionais do país,
membros da SOBEST e da SOBENDE, de forma colaborativa, realizaram a tradução e
a validação do documento para o português. Esse documento, portanto, atualiza a
versão divulgada pelo NPUAP e publicada na Revista Estima em 2007.
Segundo o NPUAP, a expressão descreve de forma mais precisa
esse tipo de lesão, tanto na pele intacta como na pele ulcerada. No sistema
prévio do NPUAP, o Estágio 1 e a Lesão Tissular Profunda descreviam lesões em
pele intacta enquanto as outras categorias descreviam lesões abertas. Isso
causava confusão porque a definição de cada um dos estágios referia-se à úlcera
por pressão. Além dessa mudança, na nova proposta, os algarismos arábicos
passam a ser empregados na nomenclatura dos estágios ao invés dos romanos. O
termo “suspeita” foi removido da categoria diagnóstica Lesão
Tissular Profunda. Durante o encontro do NPUAP, outras
definições de lesões por pressão foram acordadas e adicionadas: Lesão por
Pressão Relacionada a Dispositivo Médico e Lesão por Pressão em Membrana
Mucosa.
As atualizações das definições foram apresentadas em uma
reunião de consenso, com mais de 400 profissionais, ocorrida em Chicago, nos
dias 8 e 9 de abril de 2016. Dr. Mikel Gray, da Universidade da Virgínia,
coordenou as discussões interativas entre os membros do Grupo de Trabalho sobre
Classificação e os participantes da reunião visando à obtenção de consenso
obtido por votação. Durante a reunião, os participantes também validaram a nova
terminologia, usando fotografias.
O Grupo de Trabalho sobre Classificação, indicado pelo
Conselho Diretor do NPUAP, foi coordenado pela Dra. Laura Edsberg da Faculdade
Daemen de Buffalo, NY, e pela Dra. Joyce Black do Centro Médico da Universidade
de Nebraska, em Omaha. Foram membros desse Grupo: Margaret Goldberg, MSN, RN,
CWOCN do Centro de Feridas Delray na Flórida, Laurie McNichol, MSN, RN, CWOCN,
CWON-AP, do Cone Health em Greensboro, NC, Lynn Moore, RDN, do Nutrition
Systems, Mississippi e Mary Sieggreen, MSN, CNS, NP, CVN, do Centro Médico de
Detroit, Presidente do NPUAP.
As Lesões por Pressão são categorizadas para indicar a
extensão do dano tissular. Os estágios foram revisados com base nos
questionamentos recebidos pelo NPUAP dos profissionais que tentavam
diagnosticar e identificar o estágio das lesões. Ilustrações dos estágios das
lesões por pressão foram também revisadas e estão disponíveis no site do NPUAP,
sem custo
(http://www.npuap.org/resources/educational-and-clinical-resources/pressure-
injury-staging-illustrations/)
O sistema de classificação atualizado inclui as seguintes
definições:
Lesão por Pressão:
Lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou tecidos
moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao
uso de dispositivo médico ou a outro artefato. A lesão pode se apresentar em
pele íntegra ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa. A lesão ocorre como
resultado da pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o cisalhamento.
A tolerância do tecido mole à pressão e ao cisalhamento pode também ser afetada
pelo microclima, nutrição, perfusão, comorbidades e pela sua condição.
Lesão por Pressão Estágio 1: Pele íntegra com eritema que
não embranquece
Pele íntegra com área localizada de eritema que não
embranquece e que pode parecer diferente em pele de cor escura. Presença de
eritema que embranquece ou mudanças na sensibilidade, temperatura ou
consistência (endurecimento) podem preceder as mudanças visuais. Mudanças na
cor não incluem descoloração púrpura ou castanha; essas podem indicar dano
tissular profundo.
Lesão por Pressão Estágio 2: Perda da pele em sua espessura
parcial com exposição da derme
Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da
derme. O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode
também apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou
rompida. O tecido adiposo e tecidos profundos não são visíveis. Tecido de
granulação, esfacelo e escara não estão presentes. Essas lesões geralmente
resultam de microclima inadequado e cisalhamento da pele na região da pélvis e
no calcâneo. Esse estágio não deve ser usado para descrever as lesões de pele
associadas à umidade, incluindo a dermatite associada à incontinência (DAI), a
dermatite intertriginosa, a lesão de pele associada a adesivos médicos ou as
feridas traumáticas (lesões por fricção, queimaduras, abrasões).
Lesão por Pressão Estágio 3: Perda da pele em sua espessura
total
Perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é
visível e, frequentemente, tecido de granulação e epíbole (lesão com bordas
enroladas) estão presentes. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. A
profundidade do dano tissular varia conforme a localização anatômica; áreas com
adiposidade significativa podem desenvolver lesões profundas. Podem ocorrer
descolamento e túneis. Não há exposição de fáscia, músculo, tendão, ligamento,
cartilagem e/ou osso. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da
extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não
Classificável.
Lesão por pressão Estágio 4: Perda da pele em sua espessura
total e perda tissular
Perda da pele em sua espessura total e perda tissular com
exposição ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem
ou osso. Esfacelo e /ou escara pode estar visível. Epíbole (lesão com bordas
enroladas), descolamento e/ou túneis ocorrem frequentemente. A profundidade
varia conforme a localização anatômica. Quando o esfacelo ou escara prejudica a
identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão
por Pressão Não Classificável.
Lesão por Pressão Não Classificável: Perda da pele em sua
espessura total e perda tissular não visível.
Perda da pele em sua espessura total e perda tissular na
qual a extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta pelo
esfacelo ou escara. Ao ser removido (esfacelo ou escara), Lesão por Pressão em
Estágio 3 ou Estágio 4 ficará aparente. Escara estável (isto é, seca, aderente,
sem eritema ou flutuação) em membro isquêmico ou no calcâneo não deve ser
removida.
Lesão por Pressão Tissular Profunda: descoloração vermelho escura,
marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece.
Pele intacta ou não, com área localizada e persistente de
descoloração vermelha escura, marrom ou púrpura que não embranquece ou
separação epidérmica que mostra lesão com leito escurecido ou bolha com
exsudato sanguinolento. Dor e mudança na temperatura frequentemente precedem as
alterações de coloração da pele. A descoloração pode apresentar-se diferente em
pessoas com pele de tonalidade mais escura. Essa lesão resulta de pressão
intensa e/ou prolongada e de cisalhamento na interface osso-músculo. A ferida
pode evoluir rapidamente e revelar a extensão atual da lesão tissular ou
resolver sem perda tissular. Quando tecido necrótico, tecido subcutâneo, tecido
de granulação, fáscia, músculo ou outras estruturas subjacentes estão visíveis,
isso indica lesão por pressão com perda total de tecido (Lesão por Pressão Não
Classificável ou Estágio 3 ou Estágio 4). Não se deve utiliar a categoria Lesão
por Pressão Tissular Profunda (LPTP) para descrever condições vasculares,
traumáticas, neuropáticas ou dermatológicas.
Definições adicionais:
Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico
Essa terminologia descreve a etiologia da lesão. A Lesão por
Pressão Relacionada a Dispositivo Médico resulta do uso de dispositivos criados
e aplicados para fins diagnósticos e terapêuticos. A lesão por pressão
resultante geralmente apresenta o padrão ou forma do dispositivo. Essa lesão
deve ser categorizada usando o sistema de classificação de lesões por pressão.
Lesão por Pressão em Membranas Mucosas
A lesão por pressão em membranas mucosas é encontrada quando
há histórico de uso de dispositivos médicos no local do dano. Devido à anatomia
do tecido, essas lesões não podem ser categorizadas.
(Copyright
National Pressure Ulcer Advisory Panel - NPUAP®)
Mais informações serão disponibilizadas futuramente acerca
dos novos estágios e dos fundamentos para algumas das mudanças no sistema de
classificação aqui apresentadas.
Contato com o NPUAP: npuap@npuap.org
Fonte: http://www.sobest.org.br/textod/35