quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Novas diretriz americanas de hipertensão arterial: o que mudou? O que você precisa saber?


Acaba de ser lançado o guidelines 2017 de hipertensão da sociedade americana de cardiologia, como atualização do último Joint (VIII Joint 2014). E quais são as principais novidades ?

1 – Nova classificação da hipertensão:
A pressão arterial passa a ser classificada como:

Normal: quando PAS < 120mmHg + PAD < 80mmHg;
Elevada quando PAS estiver entre 120 e 129mmHg + PAD entre 80 e 89mmHg
Hipertensão Estágio 1 – Quando PAS estiver entre 130 e 139mmHg ou PAD entre 80-89mmHg
Hipertensão Estágio 2 – Quando PAS estiver acima ou igual a 140mmHg ou PAD acima ou igual a 90mmHg

Comentário: Os valores estão bem abaixo do último Joint – o que aumentou a prevalência da HAS de 32% para 46% da população, ou seja, uma doença que agora afeta quase METADE de toda população!

2 – Nova rotina para diagnóstico da hipertensão
Para fins diagnósticos, a PA deve ser medida 2 a 3 vezes, em 2 a 3 ocasiões distintas. Se for utilizada a auto-medida ou a medida de outros profissionais, um check-list com 6 passos deve ser seguido, além de ser utilizado equipamento validado. Entretanto o método ideal e que melhor se correlaciona com eventos é a MAPA de 24 horas (infelizmente a diretriz não enfatiza tanto seu uso)

3 – E afinal quando usar MAPA e MRPA ?
Não há nenhuma recomendação formal (classe I) para uso de MAPA ou MRPA para diagnóstico de HAS do avental branco e hipertensão mascarada. As principais indicações (classe IIa) são :

– Para diagnóstico inicial de HAS com PA entre 130x80mmHg e 160x100mmHg

– Monitorização periódica de adultos já diagnosticados com HAS do avental branco

– Usar a MAPA em pacientes com MRPA ou auto-medida sugestivos de HAS do avental branco

– PA consistentemente entre 120x75mmHg e 129x79mmHg em pacientes não-tratados para diagnóstico de HAS mascarada.

Apesar disso, no texto há ênfase para as possibilidades de diagnóstico usando esses métodos, inclusive em casos de pseudo-hipertensão resistente e presença de lesão em órgão-alvo em indivíduos aparentemente não-hipertensos.

4- Rastreio de HAS secundária
Pacientes com HAS súbita, com lesão desproporcional de órgãos-alvos ou hipertensão diastólica iniciada após os 65 anos devem fazer rastreio para HAS secundária. Além obviamente das indicações tradicionais (HAS antes dos 30 anos e hipocalemia não-induzida por exemplo)

5 – CPAP é bom para HAS com apneia do sono? 

Resposta: nem tanto!
Apesar de estar muito associada a HAS, o uso de CPAP para tratar a apneia do sono não é uma recomendação totalmente aceita (indicação classe IIB)

6 – E dieta? Alguma mudança ?
A tradicional dieta DASH continua sendo encorajada, além da restrição do sódio e aumento da ingesta de potássio (uso de potássio incorporado na dieta com Classe I e Nível de evidência A)

7 – E os exames básicos para todos os pacientes hipertensos?
Os exames essenciais continuam praticamente iguais: glicemia, perfil lipídico, hemograma, creatinina, sódio, potássio, cálcio, TSH, sumário de urina e ECG. São opcionais: ecocardiograma, ácido úrico e relação albumina / creatinina. (A PCR-us foi retirada dos exames iniciais)

8 – E quando medicar o hipertenso?
HAS estágio 1 só deve ser medicada 1) Na prevenção secundária (após evento cardiovascular) ou 2) Quando o risco cardiovascular estimado em 10 anos for maior que 10% (utilizando a calculadora americana ASCVD Risk Estimator).

A HAS estágio 2 deve ser sempre medicada após confirmada em uma reavaliação após 1 mês, exceto se PA inicialmente já superior ou igual a 180x110mmHg (deve ser prontamente medicada)

9 – E as drogas de primeira escolha são as mesmas?
Sim, não mudaram desde o VII Joint: diuréticos tiazídicos, bloqueadores de cálcio, IECA ou BRA. A associação de 2 classes já poderia ser iniciada na HAS estágio 2 quando o alvo de redução for maior que 20 / 10mmHg.

Obviamente, a escolha das drogas devem levar sempre em consideração a presença de co-morbidades, raça e idade.

10 – Já se pode tratar hipertensão com monitorização a distância e redes sociais?
Para controle e possível ajuste da terapia, além da auto-medida da PA, há a recomendação de usar estratégias através da  tele-medicina com abertura para utilizar redes sociais, dispositivos Wi-Fi e outras tecnologias de monitorização a distância (será que só eu pensei em grupos do WhatsApp aqui ?)

11 – E betabloqueador? Pode?
Pode sim, quando o perfil for favorável ao mesmo ou em múltiplas associações, se for escolhido um beta-bloqueador (DAC co-existente por exemplo), o atenolol não deve ser usado.

12 – E a pressão-alvo da terapia ainda depende da categoria de risco ?
Não, ou muito pouco! A PA alvo com a terapia para a grande maioria dos pacientes, mesmo idosos, diabéticos, nefropatas foi 130x80mmHg.

13 – E as novidades na estratificação como VOP e pressão central ?
Quase nada foi comentado na diretriz, e pelo que parece ainda distante da recomendação oficial.




Fonte: 

Escrito por Giordano Bruno

Escrito por Eduardo Lapa




sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

10 estratégias didáticas para usar nas suas aulas

Estratégias didáticas podem ser definidas como a arte de aplicar ou explorar os meios e condições favoráveis e disponíveis, visando atingir objetivos específicos.

O trabalho docente não trata apenas de um conteúdo, mas de um processo que envolve um conjunto de pessoas na construção de saberes. Assim, a escolha das estratégias, deve levar em consideração o conhecimento do aluno, seu modo de ser, de agir, de estar, além de sua dinâmica pessoal.
Todo conteúdo possui em sua lógica interna uma forma que lhe é própria e que precisa ser captada e apropriada para sua efetiva compreensão. Para essa forma de assimilação, que obedece à lógica interna do conteúdo, utilizam-se os processos mentais ou as operações do pensamento.
As estratégias visam atingir objetivos, portanto, há que ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele momento com o processo de ensino aprendizagem. Por isso, os objetivos que o norteiam devem estar claros para os sujeitos envolvidos professores e alunos – e estar presentes no contrato didático, registrado no Programa de Aprendizagem correspondente ao módulo, fase, curso, etc…
O professor precisa ser um verdadeiro estrategista, – ainda mais diante de tanta coisa que compete a atenção dos alunos na aula, como os smartphones –  o que justifica a adoção do termo estratégia, no sentido de estudar, selecionar, organizar e propor as melhores ferramentas facilitadoras para que os estudantes se apropriem do conhecimento.
Mas lidar com diferentes estratégias não é fácil!
Entre nós, docentes, existe uma rotina de trabalho (por n motivos) com uma predominância em exposição do conteúdo em aulas expositivas ou palestras, uma estratégia funcional para a passagem de informação.
Essa rotina reforça uma ação de transmissão de conteúdos prontos, acabados e determinados. Geralmente foi assim que vivenciamos todo o processo escolar como alunos.
Além disso, a atual configuração curricular e a organização disciplinar (em grade), predominantemente conceituais, têm a palestra como a principal forma de trabalho. E os próprios alunos esperam do professor a contínua exposição dos assuntos que serão aprendidos.
Sair do habitual envolve sair da zona de conforto, e enfrentar vários desafios para atuar de forma diferente. Entre eles: lidar com dúvidas, inserções dos alunos, críticas, resultados incertos, respostas incompletas e perguntas inesperadas (às vezes complexas, às vezes incompreensíveis para o professor).
Novas estratégias também exigem uma modificação na dinâmica da aula, o que inclui a organização espacial, com o rompimento da antiga disciplina estabelecida.
E ainda resta a incerteza quanto aos resultados: na estratégia da aula expositiva se garante a relação tempo/ conteúdo com maior propriedade, porém “dar conta” do conteúdo programado não é garantia de ensino ou de aprendizagem.
Assistir aulas nulas como se assiste a um programa de TV e dar aulas nulas como se faz uma palestra não é mais suficiente.
A seguir, apresentamos 10 estratégias destacando a identificação da estratégia, sua conceituação, as operações de pensamento predominantes, a descrição da dinâmica da atividade, e uma sugestão de acompanhamento e avaliação.

Estratégia Didática 1 – Aula expositiva dialogada

O que é?
É a exposição do conteúdo com a participação ativa dos estudantes, cujo conhecimento prévio deve ser considerado e pode ser tomado como ponto de partida.
O professor leva os alunos questionarem, interpretarem e discutirem o objeto de estudo, a partir do reconhecimento e confronto com a realidade. Deve favorecer análise crítica, resultando na produção de novos conhecimentos. Propões a superação da passividade e imobilidade intelectual dos alunos.
O que mobiliza?
Estratégias didáticas como essa mobilizam nos alunos a coleta e organização de dados, interpretação, raciocínio crítico, comparação e capacidade de síntese.
Como funciona
O docente contextualiza o tema de modo a mobilizar as estruturas mentais do aluno para operar com informações que este traz (conhecimento prévio), articulando-as ás que serão apresentadas.
A exposição, que deve ser bem preparada, requer a participação dos alunos como ao solicitar exemplos e buscar o estabelecimento de conexões entre a experiência vivencial dos participantes, o objeto estudado e o todo da disciplina.
É importante ouvir o estudante, buscando identificar sua realidade e seus conhecimentos prévios, que podem mediar a compreensão crítica do assunto e problematizar essa participação.
O forte dessa estratégia é o dialógo*, com espaço para questionamentos, críticas e solução de dúvidas. É imprescindível que o grupo discuta e reflita sobre o que está sendo tratado, a fim de que uma síntese integradora seja elaborada por todos.
Como avaliar os resultados?
A avaliação de estratégias como essa pode ser feita pela observação da participação dos estudantes contribuindo na exposição, perguntando, respondendo, acompanhando a compreensão e a análise dos conceitos apresentados e construídos.
Pode-se usar diferentes formas de obtenção da síntese pretendida na aula: de forma escrita, oral, pela entrega de perguntas, esquemas, portfólio , sínteses variadas, complementação de dados no mapa conceitual e outras atividades complementares a serem efetivadas em continuidade pelos estudantes.
* Vale ressaltar que estratégias como essa, em que o aluno é solicitado falar  requer paciência e muito planejamento. Assim como estamos acostumados a dar aulas expositivas, os alunos não estão acostumados a ter que participar. Se ambientar a uma nova forma de aula, mais participativa, pode levar algumas aulas.

Estratégia didática 2: Phillips 66

O que é?
Essa estratégia é uma atividade em grupo em que são feitas análises e discussões sobre temas/problemas do contexto dos alunos. Pode também ser útil para obtenção de informação rápida sobre interesses, problemas, sugestões e perguntas.
O que mobiliza?
Estratégias como essa mobilizam nos alunos habilidades de interpretação, análise, levantamento de hipóteses, organização de dados e explicação.
Como funciona
Os alunos são divididos em grupos de 6 membros, que durante 6 minutos podem discutir um assunto/tema/problema na busca da proposição de uma solução provisória. Pode ser feito uma síntese com a solução acordada pelo grupo e explicitada aos demais durante mais 6 minutos.
O professor dá aos alunos suporte para a discussão com um texto de apoio sobre a questão discutida e estabelece a forma que os resultados serão explicados.
Como avaliar os resultados?
A avaliação dessa estratégia pode feita sempre em relação aos objetivos pretendidos, destacando-se: o envolvimento dos membros do grupo; a participação conforme os papeis estabelecidos; a pertinência das questões/síntese elaborada em relação ao que foi proposto; e o processo de auto avaliação dos participante.
Vale ressaltar que toda atividade em grupo precisa de um fechamento do docente. O grupo precisa de uma devolutiva sobre o que foi discutido, incluindo alguma correção caso necessária.
Assim como o desenvolvimento, avanços, desafios e dificuldades enfrentadas variam conforme a maturidade e autonomia dos alunos e devem ser vistos processualmente. Trabalho em grupo é outra coisa que talvez seus alunos não estejam habituados e precisam ser guiados para dar resultados.

Estratégia didática 3:Tempestade de ideias (Brainstorming)

O que é?
Essa estratégia é uma possibilidade de estimular novas ideias de forma espontanea e natural, deixando funcionar a imaginação. Tudo o que for levantado é considerado, solicitando-se, se necessário uma explicação posterior do aluno para posterior direcionamento ao assunto que quer ser discutido.
O que mobiliza?
Estratégias como essa mobilizam no aluno a imaginação e criatividade, a busca de suposições, e habilidades de classificação.
Como funciona
Ao serem perguntados sobre uma problemática, os alunos expressam palavras ou frases curtas as ideias sugeridas pela questão proposta.
É recomendado registrar e organizar a relação de ideias espontâneas para que no próximo momento seja feita a seleção das ideias que serão discutidas conforme critério a ser combinado (estabelecido pelo professor, o que se pretende trabalhar?*)
Como avaliar os resultados?
Essa estratégia pode ser avaliada pela observação das habilidades dos estudantes na apresentação de ideias quanto a: capacidade criativa, concisão e pertinência, bem como seu desempenho na descoberta de soluções apropriadas ao problema proposto.
* Vale ressaltar que, por uma questão de tempo, é necessário dar prioridade as ideias que atendem o que ajuda na discussão que se pretende fazer. Por isso é importante estabelecer critérios e, apesar disso, ouvir todos.

Estratégia didática 4: Mapa conceitual

O que é?
É a construção de um diagrama que indica a relação de conceitos em uma perspectiva bidimensional, procurando mostrar as relações hierárquicas entre os conceitos pertinentes a estrutura do conteúdo
O que mobiliza?
Estratégias como essa mobilizam no aluno habilidades de interpretação, classificação, organização de informações, resumo e raciocínio lógico.
Como funciona
O professor poderá selecionar um conjunto de textos ou de dados, objetos e informações sobre um tema ou objeto de estudo propondo ao aluno identificar os conceitos- chave do objeto ou texto estudado.
Pode ser solicitados ao alunos:
Selecionar os conceitos por ordem de importância;
Incluir conceitos e ideias mais especificas;
Estabelecer relação entre os conceitos por meio de linhas e identifica-las com uma ou mais palavras que explicitem essa relação;
Identificar conceitos e palavras que devem ter um significado ou expressam uma preposição;
Buscar estabelecer relações horizontais e cruzadas e traça-las;
É legal chamar a atenção dos alunos para as várias formas de traçar o mapa conceitual.
Outra forma de se utilizar essa estratégia, é construir o mapa coletivamente, possibilitando que o aluno justifique a localização de certos conceitos e verbalize seu entendimento. A construção coletiva é uma boa opção para ensinar os alunos como fazer um mapa conceitual.
Como avaliar os resultados?
A avaliação de estratégias como essa pode ser feita pelo acompanhamento da construção do mapa conceitual a partir da definição coletiva dos critérios de avaliação. Pode-se usar os seguintes critérios de avaliação: conceitos claros, relação justificada; riqueza de ideias; criatividade na organização; representatividade do conteúdo trabalhado.
Uma dica para essa estratégia é o Cmap Tools, um programa gratuito que facilita muito a construção e organização de mapas conceituais.

Estratégia didática 5 : Estudo dirigido

O que é?
Essa estratégia é um estudo sob a orientação e diretividade do professor, visando sanar dificuldades específicas. É preciso ter claro o objetivo, o roteiro e como é preparada a atividade.
O que mobiliza?
Estratégias como essa mobilizam nos alunos habilidades como identificação e organização de dados, levantamento de hipóteses, explicação, argumentação  e generalização.
Como funciona
Pode ser uma atividade individual ou em grupo. O docente apresenta o roteiro de estudo com a situação problema
resolução e de questões que vão ser resolvidas a partir do material estudado.
Pode-se fazer discussões sobre a situação problema abordada para que os alunos possam expor seus conhecimentos e  posicionamentos  frente aos assuntos abordados.
Como avaliar os resultados?
Em estratégias como essa, a avaliação pode ser feito por acompanhamento da produção que o aluno for construindo; na execução das atividades propostas no roteiro; nas questões que formula ao docente; nas revisões que lhe são solicitadas, e da interação e desempenho no grupo em que pertence.
Uma avaliação diagnóstica, em que acompanha todo o processo é o mais indicado para estratégias grupais e atividades longas.

Estratégia didática 6: Resolução de problemas

O que é?
É a proposição de um problema, que exige pensamento reflexivo, crítico e criativo para ser resolvido a partir de dados fornecidos. Demanda a aplicação de conhecimento científico e de argumentos que fomentem sua explicação.
O que mobiliza?
Estratégias como essa mobilizam no aluno habilidades como: observação, levantamento de hipóteses, coleta e organização de dados, interpretação, explicação e argumentação.
Como funciona
É apresentado ao aluno um problema sem solução óbvia, em que ele tem que buscar a solução. O docente precisa orientar os estudante nas etapas de construção do explicação do problema. Expor as hipóteses, resultados e explicações para que possa haver o debate de ideias distintas (se houver) sempre conduzindo para o objetivo que se pretendeu.
Vale ressaltar que, aqui como em outras estratégias, é preciso priorizar – por uma questão de tema, e de foco – hipóteses e explicações que vão de encontro a solução esperada por você docente ao problema proposto.
Como avaliar os resultados?
Observação das habilidades dos estudantes na apresentação de ideias, bem como seu desempenho na explicação do problema proposto.

Estratégia didática 7: Estudo de caso

O que é?
É a análise minuciosa e objetiva de uma situação real que necessita ser investigada e é desafiadora para os envolvidos. Pode ser de um ambiente cotidiano do aluno. Em um roteiro de trabalho fornecido pelo docente deverá estar descrito os aspectos e categorias que compõem o todo da situação e as categorias mais importantes que devem ser analisadas.
O que mobiliza?
Estratégias como essa mobilizam nos alunos habilidades de: análise, interpretação, pensamento crítico, levantamento de hipóteses, explicação, resumo.
Como funciona
O docente expõe o caso a ser estudado (distribui e lê o problema com os estudantes), que pode ser um caso para cada grupo ou o mesmo caso para todos os grupos.
O grupo analisa o caso expondo seus pontos de vista e os aspectos do problema que vão ser enfocados (decisão coletiva).
O docente retoma os prontos principais, analisando coletivamente as soluções propostas. O grupo discute as soluções, elegendo as melhores conclusões.
O papel do docente é selecionar o material de estudo, apresentar um roteiro de trabalho, orientar os grupos no decorrer do trabalho e mediar a argumentação apresentada pelos alunos, que deverão justificar suas preposições mediante ao conhecimento científico que dispõe.
Como avaliar os resultados?
Estratégias como essa podem avaliadas por fichas com critérios a serem considerados tais como: aplicação dos conhecimentos (a argumentação explicita os conhecimentos produzidos a partir dos conteúdos); relação entre o argumento do aluno e o problema proposto e riqueza na argumentação (profundidade, variedade de informações, capacidade de síntese.

Estratégia didática 8:  Juri simulado

O que é?
É a simulação de um júri em que, a partir de um problema, são apresentados argumentos de defesa e de acusação pode levar o grupo a analise e avaliação de um fato proposto com objetividade e realismo, á critica construtiva de uma situação  e a dinamização do grupo para estudar profundamente um tema real.
O que mobiliza?
Estratégias como essa mobilizam nos alunos habilidades como: interpretação, comparação, análise, levantamento de hipótese, argumentação, explicação.
Como funciona
Partir de um problema concreto e objetivo, estudado e conhecido pelos participantes.
Um aluno fará o papel de juiz e outro o papel de escrivão. Os demais componentes da classe serão divididos em quatro grupos: promotoria: de um a quatro aluno; defesa: com igual  número;  conselho  de  sentença:  com  sete  alunos; e o plenário com os demais.
A promotoria e a defesa devem ter alguns dias para a preparação dos trabalhos, sob orientação do docente. Cada parte terá 15 min para apresentar seus argumentos. O juiz manterá a ordem dos trabalhos e formulará os quesitos ao conselho de sentença, que após ouvir os argumentos de ambas as partes, apresenta sua decisão final.
O escrivão tem a função de fazer o relatório dos trabalhos. O plenário fica encarregado de observar e avaliar o desempenho da promotoria e da defesa.
Como pode ser avaliado os resultados?
Estratégias como essa podem ser avaliadas pela avaliação formativa ou fichas de avaliação, considerando o processo de formulação do debate,   a   apresentação   concisa,   clara   e  lógica  das  idéias,  a   profundidade dos argumentos e embasamento de conhecimento científico.

Estratégia  didática 9: Fórum

O que é?
É um tipo de reunião em que todos os membros do grupo tem a oportunidade de participar da discussão de um tema ou problema determinado pelo docente.
Pode ser utilizado após um filme, um livro, a leitura de um artigo científico, problema ou fato – histórico ou atual, notícia de jornal, uma excursão, etc.
Todos os membros apresentam pontos de vista sobre o assunto abordado.
O que mobiliza?
Estratégias didáticas como essa mobilizam nos alunos habilidades como: observação, levantamento de hipóteses, coleta e organização de dados, interpretação, explicação, argumentação e capacidade de síntese.
Como funciona
O docente explica os objetivos do fórum, delimita o tempo total e o tempo parcial de cada participante e define funções dos participantes.
O coordenador: que organiza a participação, dirige o grupo e seleciona as contribuições dadas para a síntese final ( recomenda-se que esse papel seja feito pelo docente dependendo do publico em que essa estratégia for utilizada);
O grupo de síntese: que faz as anotações que irão compor o trabalho final
O publico participante: cada membro do grupo se identifica ao falar e dá sua contribuição, fazendo considerações e levantando questionamentos.
Ao final um membro do grupo de síntese relata o resumo elaborado coletivamente.
Como avaliar os resultados?
Estratégias como essa podem ser avaliadas com auto avaliação dos alunos, e critérios pré estabelecidos como: a participação dos alunos como debatedores e público; a habilidade de atenção e concentração; a síntese de ideias apresentadas; os argumentos apresentados, a produção escrita final.

Estratégia didática 10: Ensino com pesquisa

O que é?
É a utilização dos princípios do ensino associados aos da pesquisa. Trabalha com a concepção de conhecimento e ciência em que a dúvida e a crítica, assim como a construção coletiva do conhecimento, são elementos fundamentais.
O que mobiliza?
Observação, interpretação, classificação, resumo, analise, levantamento de hipóteses, decisão, comparação, planejamento, coleta e organização de dados, generalizações
Como funciona
Desafiar o estudante como investigador – diante de uma situação a ser investigada, o aluno cumpre etapas como em uma pesquisa científica.
O docente norteia os alunos durante o desenvolvimento da pesquisa que tem como etapas:
Construção do projeto: delimitação do problema a ser estudado, quais conhecimentos se baseiam a introdução, qual a hipótese de trabalho;
Metodologia: como os dados serão coletados (ou se serão fornecidos pelo docente), definição de como analisar os dados, teste de hipóteses e análise dos dados;
Resultados: interpretação e apresentação dos resultados, discussão argumentando para a explicação do problema;
Considerações finais: o que se concluiu, explicação para o problema investigado.
Como avaliar os resultados?
Estratégias didáticas como essa podem ser avaliadas com o acompanhamento do cromograma, observando e corrigindo cada uma das etapas da pesquisa.
As pesquisas podem ser apresentadas para a discussão, e assim a avaliação além de levar em conta o processo de produção, o produto final – do trabalho escrito, também a argumentação oral de defesa das ideias defendidas pelos alunos.
Para saber mais
Quem quiser ler mais sobre o assunto, pode buscar nos livros:
– Anastasiou & Alves, Processos De Ensinagem Na Universidade , 2003;
– Bordenave & Pereira, Estratégias de Ensino Aprendizagem, 2010 e
– Libaneo, Didática, 2010.

Autora do texto: Teresa Nunes - Graduada em Ciências Biológicas (licenciatura) pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais, Mestre em Ciências (ênfase Ensino de Biologia) pela Universidade de São Paulo. Trabalha com biologia geral, com ênfase em estratégicas didáticas e linguagem.



Fonte: http://pontobiologia.com.br/10-estrategias-didaticas/