Acaba de ser lançado o guidelines
2017 de hipertensão da sociedade americana de cardiologia, como atualização do
último Joint (VIII Joint 2014). E quais são as principais novidades ?
1 – Nova classificação da
hipertensão:
A pressão arterial passa a ser
classificada como:
Normal: quando PAS < 120mmHg
+ PAD < 80mmHg;
Elevada quando PAS estiver entre
120 e 129mmHg + PAD entre 80 e 89mmHg
Hipertensão Estágio 1 – Quando
PAS estiver entre 130 e 139mmHg ou PAD entre 80-89mmHg
Hipertensão Estágio 2 – Quando
PAS estiver acima ou igual a 140mmHg ou PAD acima ou igual a 90mmHg
Comentário: Os valores estão bem
abaixo do último Joint – o que aumentou a prevalência da HAS de 32% para 46% da
população, ou seja, uma doença que agora afeta quase METADE de toda população!
2 – Nova rotina para diagnóstico
da hipertensão
Para fins diagnósticos, a PA deve
ser medida 2 a 3 vezes, em 2 a 3 ocasiões distintas. Se for utilizada a
auto-medida ou a medida de outros profissionais, um check-list com 6 passos
deve ser seguido, além de ser utilizado equipamento validado. Entretanto o
método ideal e que melhor se correlaciona com eventos é a MAPA de 24 horas
(infelizmente a diretriz não enfatiza tanto seu uso)
3 – E afinal quando usar MAPA e
MRPA ?
Não há nenhuma recomendação
formal (classe I) para uso de MAPA ou MRPA para diagnóstico de HAS do avental
branco e hipertensão mascarada. As principais indicações (classe IIa) são :
– Para diagnóstico inicial de HAS
com PA entre 130x80mmHg e 160x100mmHg
– Monitorização periódica de
adultos já diagnosticados com HAS do avental branco
– Usar a MAPA em pacientes com
MRPA ou auto-medida sugestivos de HAS do avental branco
– PA consistentemente entre
120x75mmHg e 129x79mmHg em pacientes não-tratados para diagnóstico de HAS
mascarada.
Apesar disso, no texto há ênfase
para as possibilidades de diagnóstico usando esses métodos, inclusive em casos
de pseudo-hipertensão resistente e presença de lesão em órgão-alvo em
indivíduos aparentemente não-hipertensos.
4- Rastreio de HAS secundária
Pacientes com HAS súbita, com
lesão desproporcional de órgãos-alvos ou hipertensão diastólica iniciada após
os 65 anos devem fazer rastreio para HAS secundária. Além obviamente das
indicações tradicionais (HAS antes dos 30 anos e hipocalemia não-induzida por
exemplo)
5 – CPAP é bom para HAS com
apneia do sono?
Resposta: nem tanto!
Apesar de estar muito associada a
HAS, o uso de CPAP para tratar a apneia do sono não é uma recomendação
totalmente aceita (indicação classe IIB)
6 – E dieta? Alguma mudança ?
A tradicional dieta DASH continua
sendo encorajada, além da restrição do sódio e aumento da ingesta de potássio
(uso de potássio incorporado na dieta com Classe I e Nível de evidência A)
7 – E os exames básicos para
todos os pacientes hipertensos?
Os exames essenciais continuam
praticamente iguais: glicemia, perfil lipídico, hemograma, creatinina, sódio,
potássio, cálcio, TSH, sumário de urina e ECG. São opcionais: ecocardiograma,
ácido úrico e relação albumina / creatinina. (A PCR-us foi retirada dos exames
iniciais)
8 – E quando medicar o hipertenso?
HAS estágio 1 só deve ser
medicada 1) Na prevenção secundária (após evento cardiovascular) ou 2) Quando o
risco cardiovascular estimado em 10 anos for maior que 10% (utilizando a
calculadora americana ASCVD Risk Estimator).
A HAS estágio 2 deve ser sempre medicada
após confirmada em uma reavaliação após 1 mês, exceto se PA inicialmente já
superior ou igual a 180x110mmHg (deve ser prontamente medicada)
9 – E as drogas de primeira
escolha são as mesmas?
Sim, não mudaram desde o VII
Joint: diuréticos tiazídicos, bloqueadores de cálcio, IECA ou BRA. A associação
de 2 classes já poderia ser iniciada na HAS estágio 2 quando o alvo de redução
for maior que 20 / 10mmHg.
Obviamente, a escolha das drogas
devem levar sempre em consideração a presença de co-morbidades, raça e idade.
10 – Já se pode tratar
hipertensão com monitorização a distância e redes sociais?
Para controle e possível ajuste
da terapia, além da auto-medida da PA, há a recomendação de usar estratégias
através da tele-medicina com abertura
para utilizar redes sociais, dispositivos Wi-Fi e outras tecnologias de
monitorização a distância (será que só eu pensei em grupos do WhatsApp aqui ?)
11 – E betabloqueador? Pode?
Pode sim, quando o perfil for
favorável ao mesmo ou em múltiplas associações, se for escolhido um
beta-bloqueador (DAC co-existente por exemplo), o atenolol não deve ser usado.
12 – E a pressão-alvo da terapia
ainda depende da categoria de risco ?
Não, ou muito pouco! A PA alvo
com a terapia para a grande maioria dos pacientes, mesmo idosos, diabéticos,
nefropatas foi 130x80mmHg.
13 – E as novidades na
estratificação como VOP e pressão central ?
Quase nada foi comentado na
diretriz, e pelo que parece ainda distante da recomendação oficial.
Fonte:
Escrito por Giordano Bruno
Escrito por Eduardo Lapa
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