Na educação, decidir e definir os objetivos de
aprendizagem significa estruturar, de forma consciente,
o processo educacional de modo a oportunizar
mudanças de pensamentos, ações e condutas.
Essa estruturação é resultado de um processo de
planejamento que está diretamente relacionado à
escolha do conteúdo, de procedimentos, de atividades,
de recursos disponíveis, de estratégias, de instrumentos
de avaliação e da metodologia a ser adotada por um
determinado período de tempo.
Na delimitação dos objetivos, de acordo com
Vaughan (1980), é fundamental ter os objetivos
instrucionais cognitivos, atitudinais e de competências
bem definidos que deve ser feito previamente ao início
da disciplina, mas infelizmente alguns desses objetivos
podem não ser bem definidos e outros podem ficar
implícitos ao processo de aprendizagem e, muitas
vezes, (re)conhecidos apenas pelo educador.
O educador pode ter expectativas e diretrizes
para o processo de ensino que não são oficialmente
declaradas, mas que farão parte do processo de
avaliação da aprendizagem.
É notório que é mais fácil
atingir objetivos quando estes estão bem definidos,
entretanto fica mais difícil, para os discentes, atingirem
o nível de desenvolvimento cognitivo, por não saberem
exatamente o que deles é esperado durante e após o
processo de ensino.
Taxonomia é um termo bastante usado em diferentes
áreas e, segundo a Wikipédia (2006), é a ciência de
classificação, denominação e organização de um
sistema pré-determinado e que tem como resultante
um framework conceitual para discussões, análises
e/ou recuperação de informação.
Segundo Bloom et al., vários pesquisadores
utilizaram-se dessa terminologia conceitual baseada
em classificações estruturadas e orientadas para definir
algumas teorias instrucionais. Duas das inúmeras
vantagens de se utilizar a taxonomia no contexto
educacional são:
a) Oferecer a base para o desenvolvimento de
instrumentos de avaliação e utilização de
estratégias diferenciadas para facilitar, avaliar e
estimular o desempenho dos alunos em diferentes
níveis de aquisição de conhecimento;
b) Estimular os educadores a auxiliarem seus
discentes, de forma estruturada e consciente, a
adquirirem competências específicas a partir da
percepção da necessidade de dominar habilidades
mais simples (fatos) para, posteriormente,
dominar as mais complexas (conceitos).
A Associação Norte Americana de Psicologia
(American Psycological Association), baseada no
princípio e na importância de se utilizar o conceito de
classificação como forma de se estruturar e organizar
um processo, solicitou a alguns de seus membros,
em 1948, que montassem uma “força tarefa” para
discutir, definir e criar uma taxonomia dos objetivos
de processos educacionais (LOMENA, 2006).
Bloom et al. (1956) assumiu a liderança desse
projeto e, junto com seus colaboradores – M.D.
Englehart, E. J. Furst, W. H. Hill e D. Krathwohl –,
definiu que o primeiro passo em direção à execução
da responsabilidade a eles atribuída seria a divisão
do trabalho de acordo com o domínio específico de
desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor.
Embora todos tenham colaborado significativamente
no desenvolvimento dessa taxonomia, ela é conhecida
como “Taxonomia de Bloom”.
Segundo Lomena (2006), Guskey (2001),
Bloom et al. (1956), Bloom (1972), School of
Education (2005) e Clark (2006), as características
básicas de cada um desses domínios podem ser
resumidas em:
1) Cognitivo: relacionado ao aprender, dominar um
conhecimento. Envolve a aquisição de um novo
conhecimento, do desenvolvimento intelectual, de
habilidade e de atitudes. Inclui reconhecimento
de fatos específicos, procedimentos padrões e
conceitos que estimulam o desenvolvimento
intelectual constantemente. Nesse domínio, os
objetivos foram agrupados em seis categorias e
são apresentados numa hierarquia de complexidade
e dependência (categorias), do mais
simples ao mais complexo. Para ascender a
uma nova categoria, é preciso ter obtido um
desempenho adequado na anterior, pois cada
uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis anteriores. As categorias desse domínio são:
Conhecimento; Compreensão; Aplicação;
Análise; Síntese; e Avaliação;
2) Afetivo: relacionado a sentimentos e posturas.
Envolve categorias ligadas ao desenvolvimento
da área emocional e afetiva, que incluem
comportamento, atitude, responsabilidade,
respeito, emoção e valores. Para ascender a
uma nova categoria é preciso ter obtido um
desempenho adequado na anterior, pois cada
uma utiliza capacidades adquiridas nos níveis
anteriores para serem aprimoradas. As categorias
desse domínio são: Receptividade; Resposta;
Valorização; Organização; e Caracterização;
3) Psicomotor: relacionado a habilidades físicas
específicas. Bloom e sua equipe não chegaram a
definir uma taxonomia para a área psicomotora,
mas outros o fizeram e chegaram a seis categorias
que incluem ideias ligadas a reflexos, percepção,
habilidades físicas, movimentos aperfeiçoados
e comunicação não verbal. Para ascender
a uma nova categoria, é preciso ter obtido
um desempenho adequado na anterior, pois
cada uma utiliza capacidades adquiridas nos
níveis anteriores. As categorias desse domínio
são: Imitação; Manipulação; Articulação; e
Naturalização.
Embora todos os três domínios (cognitivo,
afetivo e psicomotor) tenham sido amplamente
discutidos e divulgados, em momentos diferentes e
por pesquisadores diferentes, o domínio cognitivo
é o mais conhecido e utilizado. Muitos educadores
se apoiam nos pressupostos teóricos desse domínio
para definirem, em seus planejamentos educacionais,
objetivos, estratégias e sistemas de avaliação.
O Domínio Cognitivo é subdividido em seis categorias.
Cada categoria segue uma linha hierárquica que, geralmente,
exige que o indivíduo domine a anterior antes de atingir
a próxima desejada. São, portanto, processos intelectuais
cumulativos, no qual uma categoria em um nível inferior
dá o suporte a uma próxima categoria de nível superior,
como se fosse uma escada de seis degraus que a cada passo
dá acesso a um patamar de conhecimento mais elevado
(Figuras 1, 2 e 3).
De acordo com Rodrigues Júnior (1997), cada categoria
pode ser, assim, distinguida:
1. Conhecimento: Nessa categoria, agrupam-se os
processos que requerem que o indivíduo reproduza
com exatidão uma informação que lhe tenha sido
dada, seja ela uma data, um relato, um procedimento,
uma fórmula, ou uma teoria.
2. Compreensão: Essa categoria é a primeira que requer
elaboração (modifi cação) de um dado ou informação
original. A elaboração ainda não será de
complexidade elevada; o indivíduo deverá ser capaz
de usar uma informação original e ampliá-la, reduzí-la,
representá-la de outra forma ou prever conseqüências
resultantes da informação original.
3. Aplicação: É a categoria que reúne processos nos
quais o indivíduo transporta uma informação gené-
rica para uma situação nova e específi ca.
4. Análise: Processos dessa categoria caracterizam-se
por separar uma informação em elementos componentes
e estabelecer relações entre eles. Entre outras
coisas, o processo de Análise pressupõe identi-
fi car aspectos centrais de uma proposição, verifi car
a sua validade, dos mesmos, constatar possíveis
incongruências lógicas.
5. Síntese: É a categoria que representa processos nos
quais o indivíduo reúne elementos de informação
para compor algo novo que terá, necessariamente,
traços individuais distintos.
6. Avaliação: Representa os processos cognitivos mais
complexos. Basicamente, o processo de avaliar consiste
na confrontação de um dado, de uma informação,
de uma teoria, de um produto etc., com um
critério ou conjunto de critérios, que podem ser internos
ao próprio objeto da avaliação ou externos a ele.
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Fonte:
http://www.scielo.br/pdf/gp/v17n2/a15v17n2.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rcf/v19n46/v19n46a09.pdf
http://www.scielo.br/pdf/gp/v16n3/v16n3a15.pdf