quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Santa Casa ganha apoio para ampliar serviços oferecidos à população

Representantes da direção da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Ministério Público Federal (MPF) e Estadual (MPE), Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) e do Conselho Regional de Medicina (CRM), se reuniram na manhã desta quinta-feira (06) para avaliar o atual cenário da Santa Casa, identificar os problemas enfrentados e definir ações que essas instituições e entidades possam realizar, juntas, visando a melhoria dos serviços prestados à população pelo hospital.
O Poder Legislativo, de onde partiu o requerimento ao Ministério Público pedindo providências urgentes para melhorar o atendimento na maternidade - assinado pelo deputado Zé Maria (PT) -, não participou do encontro e nem indicou representantes.
“Esse foi um momento bastante rico e importante, pois tivemos a oportunidade de reunir dois grandes poderes, conselhos de classe e Judiciário. Lamentamos apenas a ausência do Legislativo. Mas foi muito bom dividir com eles essa responsabilidade da assistência às mulheres e crianças, que estava ficando apenas sob a responsabilidade da Santa Casa. Saio desta reunião com a certeza e esperança de que, daqui pra frente, antes de qualquer instituição falar ou pensar alguma coisa da assistência prestada pela Santa Casa vai lembrar deste momento, dos números e dos nossos resultados, e a forma como estamos trabalhando para oferecer um serviço de qualidade à população”, enfatizou a presidente da Fundação Santa Casa, Eunice Begot.
Ao lado do titular da Sespa, Helio Franco, ela também ressaltou que o governo do Estado vem fazendo uma série de melhorias na instituição. Somente na área de Neonatologia foram investidos mais de R$ 1 milhão, em equipamentos e capacitação de recursos humanos. Desde quarta-feira (5), a maternidade dispõe de mais 20 leitos na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), agora instalada no espaço onde funcionava a Diretoria de Assistência do hospital. Com isso, a instituição passa a oferecer 109 leitos de UCI na área de Neonatologia.
No total, a Unidade de Cuidados Intermediários tem 109 leitos, sendo 20 para Cuidados Intermediários, 20 para o Setor de Transição, 20 para Semi-intensiva, 14 para o projeto Mãe-Canguru e 15 na Ala Cirúrgica. Outro avanço apontado pela direção do hospital é a retomada do Conselho Gestor da Santa Casa, que trará de volta o controle social para a instituição.
Óbitos - Durante a reunião foi apresentado um estudo de óbitos entre recém-nascidos feito na maternidade. A gerente do setor de Neonatolgia do hospital, Vânia Cecília Pinto, expôs o quadro clínico dos casos que geralmente levam à morte dos bebês. “Sempre fazemos no hospital um estudo, para avaliar as altas que foram dadas e a questão dos óbitos. Nós avaliamos que a maioria dos recém-nascidos que vieram a óbito era formada por filhos de mães adolescentes, que tiveram gravidez de alto risco. Mães que, por esconderem a gravidez ou por falta de informação, não procuraram o médico e nunca realizaram um pré-natal, o que acaba gerando sérios problemas na formação dos órgãos do bebê”, informou a médica.
O estudo mostra que 27% das mulheres que procuram a instituição para dar à luz nunca fizeram pré-natal, e muitas das que iniciaram não completaram os exames, deixando o pré-natal incompleto, o que pode acarretar uma série de doenças, como sífilis e outras infecções graves. Segundo o estudo, os métodos abortivos também são utilizados com frequência pelas mães que procuram a Santa Casa. “A média mensal que temos de bebês que morrem ainda dentro do útero da mãe, por falta de um pré-natal adequado, é altíssima”, enfatizou Vânia Pinto.
Para Suely Regina Aguiar Cruz, promotora de Justiça do MPE, da área de Saúde de Belém, os dados apresentados foram fundamentais para ajudar a esclarecer algumas notícias negativas que envolvem a instituição. “Nós não tínhamos conhecimento sobre o perfil dos recém-nascidos que vieram a óbito e o estado em que as mães se encontram. A conclusão a que nós chegamos após este encontro é que a Atenção Básica não está funcionando, porque se estivesse a Santa Casa não ficaria sobrecarregada e poderia prestar um atendimento muito melhor para a população paraense”, ressaltou. Ainda de acordo com a promotora, é obrigação dos municípios oferecer um bom atendimento, garantido um pré-natal adequado às mães.
O secretário geral do Conselho Regional de Medicina, Paulo Guzzo, também disse ter ficado satisfeito com os temas discutidos no encontro, e garantiu que o Conselho será parceiro da Santa Casa. “Nós todos temos o mesmo objetivo, que é prestar um serviço de qualidade à população. O CRM está com suas portas abertas para que, em parceria com todos os órgãos aqui presentes, possamos equacionar esses problemas e tentar encontrar soluções para a maior maternidade do Pará”, finalizou.
Após a reunião, todos os participantes assinaram a ata, se comprometendo a contribuir e elaborar juntos iniciativas que contribuam para a melhoria do atendimento oferecido pela instituição, principalmente às parcelas mais carentes da população de vários municípios do Pará.

Fonte: http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=106967

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