sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Abordagem de via aérea


Abordagem de uma Via Aérea Difícil - Avaliações necessárias.
As características que podem fazer prever uma ventilação difícil por máscara facial foram sumariadas segundo a palavra inglesa OBESE, um acrónimo para Obesidade (índice de massa corporal acima de 26Kg/m2), presença de Barba, idade superior a 55 anos (Elderly), doentes que ressonam (Snorers) e doentes com ausência de dentes (Edentulous).
De modo a conseguir prever uma intubação difícil, foram, do mesmo modo, consideradas algumas características do doente como fatores de previsão, usadas por Ron Walls no seu National Emergency Airway Management Course, e descritas através do método que adapta o acrónimo LEMON, correspondendo a: observação externa (Look externally), avaliação da regra 3-3-2 (Evaluate 3-3-2 rule), escala de Mallampati, Obstrução e mobilidade do pescoço (Neck mobility). Na observação externa deve ser avaliada a presença de barba ou bigode, forma facial anormal, má nutrição extrema, ausência de dentes, traumatismo facial, obesidade, incisivos muito proeminentes, arco palatino muito alto ou pescoço curto.
Segundo a regra 3-3-2, o doente deve ter 3 dedos de distância entre os incisivos superiores e inferiores aquando da abertura da boca, 3 dedos de distância entre o mento e o início do pescoço e 2 dedos entre a cartilagem tireoideia e a mandíbula. Qualquer valor inferior a estas referências poderá condicionar uma dificuldade acrescida na intubação. A escala de Mallampati foi apresentada pela primeira vez em 1985 no Canadian Anesthesia Society Journal, baseada no trabalho de Mallampati. Estando o doente sentado, numa posição neutra, com a boca em abertura máxima e a língua em protusão máxima, é possível, segundo a escala de Mallampati, classificar o doente de acordo com os seguintes graus (Scalabrini Neto; Dias; Velasco, 2016).


- Grau I – visualização do palato mole, úvula, amígdalas, pilares amigdalinos anteriores e posteriores.

- Grau II – visualização do palato mole, amígdalas e úvula.

- Grau III – visualização do palato mole e da base da úvula.


- Grau IV – o palato mole não é visível.


Resultado de imagem para – Escala de Mallampati (A) e de Cormack-Lehane (B).

Figura 1 – Escala de Mallampati (A) e de Cormack-Lehane (B).

A avaliação da via aérea segundo a escala baseada nos critérios do método LEMON é capaz de estratificar com sucesso o risco de uma entubação difícil na urgência.

É evidente que um dos fatores diretamente relacionado com a entubação difícil prende-se com a dificuldade na visualização da laringe. 
Para a avaliação da sua visualização é utilizada a escala criada em 1984 por Cormack e Lehane, que caracteriza a visualização da via aérea através seguintes graus: - Grau I – Toda a glote é visível. - Grau II – Apenas a parte posterior da glote é visível. - Grau III – Apenas a epiglote é visível mas não a glote. - Grau IV – A epiglote não é visível, apenas o palato mole. Os graus III e IV preveem uma entubação difícil (Figura 1 - B). A maioria dos problemas relacionados com a via aérea podem ser resolvidos recorrendo a equipamentos e técnicas relativamente simples, mas a avaliação clínica e a experiência do anestesista são cruciais para a sua aplicação.

Referência:
Scalabrini Neto, Augusto,  Dias, Roger Daglius, Velasco, Irineu Tadeu. Procedimentos em Emergência. 2ª Ed. Manole, 2016. 

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