Abordagem de uma Via Aérea Difícil - Avaliações necessárias.
As
características que podem fazer prever uma ventilação difícil por máscara
facial foram
sumariadas segundo
a palavra inglesa OBESE, um acrónimo para Obesidade
(índice de massa
corporal acima
de 26Kg/m2),
presença
de Barba,
idade superior a 55 anos (Elderly), doentes que ressonam (Snorers) e
doentes com ausência de dentes (Edentulous).
De
modo a conseguir prever uma intubação difícil, foram, do mesmo modo,
consideradas algumas características do doente como fatores
de
previsão, usadas por Ron Walls no
seu National
Emergency
Airway
Management Course, e
descritas através do método que adapta o acrónimo LEMON, correspondendo a: observação externa
(Look externally),
avaliação da regra 3-3-2 (Evaluate 3-3-2 rule), escala de Mallampati,
Obstrução e mobilidade do pescoço (Neck mobility). Na observação externa deve ser
avaliada a presença de barba ou bigode, forma facial anormal, má
nutrição extrema,
ausência de dentes, traumatismo facial, obesidade, incisivos muito
proeminentes, arco palatino muito alto ou pescoço curto.
Segundo a regra 3-3-2, o doente deve ter 3 dedos de
distância entre os incisivos superiores e inferiores aquando da abertura da
boca, 3 dedos de distância entre o mento e o início do pescoço e 2 dedos entre
a cartilagem tireoideia e a mandíbula. Qualquer valor inferior a estas
referências poderá condicionar uma dificuldade acrescida na intubação. A escala
de Mallampati foi apresentada pela primeira vez em 1985 no Canadian Anesthesia
Society Journal, baseada no trabalho de Mallampati. Estando o doente sentado,
numa posição neutra, com a boca em abertura máxima e a língua em protusão
máxima, é possível, segundo a escala de Mallampati, classificar o doente de
acordo com os seguintes graus (Scalabrini Neto; Dias; Velasco, 2016).
- Grau I – visualização do palato mole, úvula, amígdalas,
pilares amigdalinos anteriores e posteriores.
- Grau II – visualização do palato mole, amígdalas e úvula.
- Grau III – visualização do palato mole e da base da úvula.
- Grau IV – o palato mole não é visível.
Figura 1 – Escala de Mallampati (A) e de Cormack-Lehane (B).
A avaliação da via aérea segundo a escala baseada nos
critérios do método LEMON é capaz de estratificar com sucesso o risco de uma
entubação difícil na urgência.
É evidente que um dos
fatores diretamente relacionado com a entubação difícil prende-se com a
dificuldade na visualização da laringe.
Para a avaliação da sua visualização é
utilizada a escala criada em 1984 por Cormack e Lehane, que caracteriza a
visualização da via aérea através seguintes graus: - Grau I – Toda a glote é
visível. - Grau II – Apenas a parte posterior da glote é visível. - Grau III –
Apenas a epiglote é visível mas não a glote. - Grau IV – A epiglote não é
visível, apenas o palato mole. Os graus III e IV preveem uma entubação difícil (Figura 1 - B).
A maioria dos problemas relacionados com a via aérea podem ser resolvidos
recorrendo a equipamentos e técnicas relativamente simples, mas a avaliação
clínica e a experiência do anestesista são cruciais para a sua aplicação.
Referência:
Scalabrini Neto, Augusto, Dias, Roger Daglius, Velasco, Irineu Tadeu. Procedimentos em Emergência. 2ª Ed. Manole, 2016.
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