Representantes da direção da Fundação Santa Casa de Misericórdia do
Pará, Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Ministério Público
Federal (MPF) e Estadual (MPE), Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa)
e do Conselho Regional de Medicina (CRM), se reuniram na manhã desta
quinta-feira (06) para avaliar o atual cenário da Santa Casa,
identificar os problemas enfrentados e definir ações que essas
instituições e entidades possam realizar, juntas, visando a melhoria dos
serviços prestados à população pelo hospital.
O
Poder Legislativo, de onde partiu o requerimento ao Ministério Público
pedindo providências urgentes para melhorar o atendimento na maternidade
- assinado pelo deputado Zé Maria (PT) -, não participou do encontro e
nem indicou representantes.
“Esse foi um momento
bastante rico e importante, pois tivemos a oportunidade de reunir dois
grandes poderes, conselhos de classe e Judiciário. Lamentamos apenas a
ausência do Legislativo. Mas foi muito bom dividir com eles essa
responsabilidade da assistência às mulheres e crianças, que estava
ficando apenas sob a responsabilidade da Santa Casa. Saio desta reunião
com a certeza e esperança de que, daqui pra frente, antes de qualquer
instituição falar ou pensar alguma coisa da assistência prestada pela
Santa Casa vai lembrar deste momento, dos números e dos nossos
resultados, e a forma como estamos trabalhando para oferecer um serviço
de qualidade à população”, enfatizou a presidente da Fundação Santa
Casa, Eunice Begot.
Ao lado do titular da Sespa,
Helio Franco, ela também ressaltou que o governo do Estado vem fazendo
uma série de melhorias na instituição. Somente na área de Neonatologia
foram investidos mais de R$ 1 milhão, em equipamentos e capacitação de
recursos humanos. Desde quarta-feira (5), a maternidade dispõe de mais
20 leitos na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), agora instalada
no espaço onde funcionava a Diretoria de Assistência do hospital. Com
isso, a instituição passa a oferecer 109 leitos de UCI na área de
Neonatologia.
No total, a Unidade de Cuidados
Intermediários tem 109 leitos, sendo 20 para Cuidados Intermediários, 20
para o Setor de Transição, 20 para Semi-intensiva, 14 para o projeto
Mãe-Canguru e 15 na Ala Cirúrgica. Outro avanço apontado pela direção do
hospital é a retomada do Conselho Gestor da Santa Casa, que trará de
volta o controle social para a instituição.
Óbitos
- Durante a reunião foi apresentado um estudo de óbitos entre
recém-nascidos feito na maternidade. A gerente do setor de Neonatolgia
do hospital, Vânia Cecília Pinto, expôs o quadro clínico dos casos que
geralmente levam à morte dos bebês. “Sempre fazemos no hospital um
estudo, para avaliar as altas que foram dadas e a questão dos óbitos.
Nós avaliamos que a maioria dos recém-nascidos que vieram a óbito era
formada por filhos de mães adolescentes, que tiveram gravidez de alto
risco. Mães que, por esconderem a gravidez ou por falta de informação,
não procuraram o médico e nunca realizaram um pré-natal, o que acaba
gerando sérios problemas na formação dos órgãos do bebê”, informou a
médica.
O estudo mostra que 27% das mulheres que
procuram a instituição para dar à luz nunca fizeram pré-natal, e muitas
das que iniciaram não completaram os exames, deixando o pré-natal
incompleto, o que pode acarretar uma série de doenças, como sífilis e
outras infecções graves. Segundo o estudo, os métodos abortivos também
são utilizados com frequência pelas mães que procuram a Santa Casa. “A
média mensal que temos de bebês que morrem ainda dentro do útero da mãe,
por falta de um pré-natal adequado, é altíssima”, enfatizou Vânia
Pinto.
Para Suely Regina Aguiar Cruz, promotora de
Justiça do MPE, da área de Saúde de Belém, os dados apresentados foram
fundamentais para ajudar a esclarecer algumas notícias negativas que
envolvem a instituição. “Nós não tínhamos conhecimento sobre o perfil
dos recém-nascidos que vieram a óbito e o estado em que as mães se
encontram. A conclusão a que nós chegamos após este encontro é que a
Atenção Básica não está funcionando, porque se estivesse a Santa Casa
não ficaria sobrecarregada e poderia prestar um atendimento muito melhor
para a população paraense”, ressaltou. Ainda de acordo com a promotora,
é obrigação dos municípios oferecer um bom atendimento, garantido um
pré-natal adequado às mães.
O secretário geral do
Conselho Regional de Medicina, Paulo Guzzo, também disse ter ficado
satisfeito com os temas discutidos no encontro, e garantiu que o
Conselho será parceiro da Santa Casa. “Nós todos temos o mesmo objetivo,
que é prestar um serviço de qualidade à população. O CRM está com suas
portas abertas para que, em parceria com todos os órgãos aqui presentes,
possamos equacionar esses problemas e tentar encontrar soluções para a
maior maternidade do Pará”, finalizou.
Após a
reunião, todos os participantes assinaram a ata, se comprometendo a
contribuir e elaborar juntos iniciativas que contribuam para a melhoria
do atendimento oferecido pela instituição, principalmente às parcelas
mais carentes da população de vários municípios do Pará.
Fonte: http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=106967