MÉTODO START
Processo
utilizado em situações onde a emergência ultrapassa a capacidade de resposta da
equipe de socorro. Utilizado para alocar recursos e hierarquizar o atendimento
de vítimas de acordo com um sistema de prioridades, de forma a possibilitar o
atendimento e o transporte rápido do maior número possível de vítimas. O
primeiro socorrista que chega numa cena da emergência com múltiplas vítimas
enfrenta um grande problema. A situação é diferente e seus métodos usuais de
resposta e operação não são aplicáveis. Este profissional deve modificar sua
forma rotineira de trabalho buscando um novo método de atuação que lhe permita
responder adequadamente a situação.
Como poderão
então esses socorristas prestar um socorro adequado? Obviamente, se eles
voltarem sua atenção para a reanimação de uma ou mais vítimas, as outras
potencialmente recuperáveis poderão morrer. Portanto, logo que chegam na
cena esses primeiros socorristas devem avaliá-la, pedir reforços adicionais e
providenciar a segurança do local para, só então, dedicarem-se a seleção das
vítimas enquanto as novas unidades de socorro deslocam-se para o local da
emergência.
Esses
socorristas aproveitam assim o seu tempo da melhor maneira iniciando um
processo de triagem. Este é o primeiro passo para a organização dos melhores
recursos na cena da emergência.
Triagem –
Termo dado ao reconhecimento da situação e seleção das vítimas por prioridades
na cena da emergência. Palavra de origem francesa que significa “pegar,
selecionar ou escolher”.
Podemos conceituar a triagem como sendo
um processo utilizado em situações onde a emergência ultrapassa a capacidade de
resposta da equipe de socorro. Utilizado para alocar recursos e hierarquizar
vítimas de acordo com um sistema de prioridades, de forma a possibilitar o
atendimento e o transporte rápido do maior número possível de vítimas.
É de
responsabilidade do socorrista que primeiro chegar ao local do acidente
múltiplo, montar um esquema e separar as “peças” de um desastre de forma a
propiciar o melhor cuidado possível a cada pessoa envolvida, solicitando recursos
adicionais e reforço para atender adequadamente a ocorrência. Em resumo, o
processo de triagem é usado quando a demanda de atenção supera nossa capacidade
de resposta e, portanto, devemos direcionar nossos esforços para salvar o maior
número de vítimas possível, escolhendo aquelas que apresentam maiores
possibilidades de sobrevivência. O primeiro a chegar na cena deve dedicar-se à
seleção das vítimas, enquanto chegam as unidades de apoio.
Atualmente é o
modelo adotado pela Associação de Chefes de Bombeiros do Estado da Califórnia
nos EUA. START é a abreviatura de Simple Triage And Rapid Treatment (Triagem
Simples e Tratamento Rápido). O Sistema de triagem simples, permite triar uma
vítima em menos de um minuto. Esse método foi desenvolvido para o atendimento
de ocorrências com múltiplas vítimas, pois permite a rápida identificação
daquelas vítimas que estão em grande risco de vida, seu pronto atendimento e a
prioridade de transporte dos envolvidos mais gravemente feridos.
Incidente
com múltiplas vítimas (IMV): evento
de
qualquer natureza que determine um maior volume de vítimas, em um pequeno lapso
de tempo, de forma a comprometer os recursos habitualmente disponibilizados.
São
ocorrências de diversas causas:
Acidente
de
ônibus;
Atropelamento de
grupo de pessoas;
Soterramento;
Incêndio;
Incidentes
em
estádios.
Classificação dos IMV
Nível
I: 5 a
10 vítimas (situação de emergência controlada com recursos locais);
Nível
II: 11 a
20 vítimas (situação que supera os recursos locais, necessidade de apoio
regional);
Nível
III: mais
de 21 vítimas (extrapola a capacidade regional, necessitando de recursos
adicionais).
CÓDIGO
DE CORES NO PROCESSO DE TRIAGEM
Cor Vermelha
Significa primeira prioridade: São as vítimas que
apresentam sinais e sintomas que demonstram um estado crítico e necessitam tratamento
e transporte imediato.
Cor Amarela
Significa segunda prioridade: São as vítimas que apresentam
sinais e sintomas que permitem adiar a atenção e podem aguardar pelo transporte.
Cor Verde
Significa terceira prioridade: São as vítimas que
apresentam lesões menores ou sinais e sintomas que não requerem atenção
imediata.
Cor
Preta
Significa sem prioridade (morte clínica/óbvia): São
as vítimas que apresentam lesões obviamente mortais ou para identificação de
cadáveres.
Plano
Diretor para Desastres
Avaliação
e mapeamento de risco;
Padronização
operacional;
Treinamento\capacitação
de recursos humanos;
Revisão
de recursos materiais;
Organização
de sistema de informações operacionais em desastres.
Considerações
Um
sistema organizado, para o atendimento pré-hospitalar e resgate deve ter um
plano pré-estabelescido para enfrentar um incidente com múltiplas vítimas. O
plano deve buscar a forma mais eficiente de oferecer simultaneamente socorro a
todas as vítimas.
Faz-se necessário o acionamento
de várias equipes (Bombeiros, Samu, Defesa Civil, Cruz vermelha, serviços
privados de atendimento a Urgências etc...). No entanto muitas vezes por algum
tempo (min ou horas) isso não é possível. Assim a primeira equipe que chega no
local deve iniciar um processo chamado de triagem de múltiplas vitimas.
Não
existem um critério perfeito de triagem, varia de um sistema para outro e
depende de fatores como magnitude, tipo e área de abrangência do evento
(desastre, catástrofe, acidente, incidente).
Atendimento a múltiplas
vítimas intra-hospitalar
O
recebimento simultâneo de multiplas vítimas, oriundas de um mesmo acidente pelo
setor de emergência de um hospital de média e alta complexidade é fator
rotineiro, se forem duas ou três vítimas. No
entanto o hospital pode receber simultaneamente vítimas em elevado número para
o qual não dispões de área suficiente, pessoal disponível e serviço de apoio
preparados.
Somente
instituições que possuem um plano estabelecido para essas situações é que
conseguem, rapidamente, redirecionar seus esforços de forma organizada, possibilitando
o atendimento eficiente do maior número possível de doentes, e eventualmente de
todos.
O objetivo
principal durante uma situação como esta é evitar as mortes, as graves sequelas
e o sofrimento, oferecendo o melhor atendimento para o maior número possível de
vítimas.
Na
prática isso se configura em dar a todos um atendimento eficiente e organizado,
e não atendimento completo a cada um dos doentes, conforme sua chegada ou
gravidade.
CRAMP
TRIAGEM
C
– CIRCULAÇÃO
R
– RESPIRAÇÃO
A
– ABDOME
M
– MOTOR OU MOVIMENTO
P
– PSIQUISMO OU PALAVRAS
Recomendações:
Iniciar
todos os preparativos para receber o número elevado de vítimas tão logo houver
conhecimento de um evento de grande proporção nas áreas de referência, e não
apenas após a chegada das primeiras vítimas. Pensar
a partir das informações que tipo de doentes poderão chegar (considerar os
mecanismos de lesão: intoxicação exógena, incêndio, explosão, colisão de
veículos automotores etc...).
Preparar
a área para recepção e triagem, possibilitando o recebimento das vítimas de
maneira organizada por equipe treinada. Incluir profissionais da segurança,
reduzir ou impedir a entrada de acompanhantes.
Ampliar
a área de emergência, desocupando a área utilizadas por pacientes
ambulatoriais, reorganizar rapidamente os espaços incluindo corredores e a
própria sala de emergência (espaço para atender o maior número possível de
doentes).
Informar
outros setores do hospital (reforço de enfermeiros e médicos, alertar os
setores vitais/ agencia transfusional por ex).
Na
chegada identificar os doentes por número ou outra forma organizada (ausência
de identificação gera duplos atendimentos a uns e nenhum atendimento a outros). Realizar triagem mesmo que já tenha sido feita
no APH pois as condições podem mudar/ lesões podem está em desenvolvimento.
Definir
os coordenadores (enfermeiro e médico) -
Não para assistir os doentes e sim para organizar, definir grupos de
profissionais por setor, acionar outros recursos, solicitar apoio para remover
doentes para outros serviços (liberar espaço e equipe). Retirar
os óbitos do local de atendimento.
Atenção
a doentes graves não oriundos do mesmo incidente, estes podem necessitar de
atenção com a mesma urgência. Nunca
dar ordens que possibilite ou estimulem o atendimento exclusivo das vítimas do
evento rejeitando outros doentes.
Referências
ATLS.
Suporte Avançado de Vida no Trauma para Médicos. 7.ed. Editora Elsevier , 2004.
NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY
MEDICAL TECHNICIANS. Atendimento Pré-hospitalar ao traumatizado.
PHTLS. Pre-hospital Trauma Life Support. 6ª ed. Rio de Janeiro. Elsevier. 2012.