terça-feira, 28 de julho de 2015

Atendimento de Urgência em Incidentes com Múltiplas Vítimas

MÉTODO START 
Processo utilizado em situações onde a emergência ultrapassa a capacidade de resposta da equipe de socorro. Utilizado para alocar recursos e hierarquizar o atendimento de vítimas de acordo com um sistema de prioridades, de forma a possibilitar o atendimento e o transporte rápido do maior número possível de vítimas. O primeiro socorrista que chega numa cena da emergência com múltiplas vítimas enfrenta um grande problema. A situação é diferente e seus métodos usuais de resposta e operação não são aplicáveis. Este profissional deve modificar sua forma rotineira de trabalho buscando um novo método de atuação que lhe permita responder adequadamente a situação.
Como poderão então esses socorristas prestar um socorro adequado? Obviamente, se eles voltarem sua atenção para a reanimação de uma ou mais vítimas, as outras potencialmente recuperáveis poderão morrer. Portanto, logo que chegam na cena esses primeiros socorristas devem avaliá-la, pedir reforços adicionais e providenciar a segurança do local para, só então, dedicarem-se a seleção das vítimas enquanto as novas unidades de socorro deslocam-se para o local da emergência.
Esses socorristas aproveitam assim o seu tempo da melhor maneira iniciando um processo de triagem. Este é o primeiro passo para a organização dos melhores recursos na cena da emergência.
Triagem – Termo dado ao reconhecimento da situação e seleção das vítimas por prioridades na cena da emergência. Palavra de origem francesa que significa “pegar, selecionar ou escolher”.
Podemos conceituar a triagem como sendo um processo utilizado em situações onde a emergência ultrapassa a capacidade de resposta da equipe de socorro. Utilizado para alocar recursos e hierarquizar vítimas de acordo com um sistema de prioridades, de forma a possibilitar o atendimento e o transporte rápido do maior número possível de vítimas.
É de responsabilidade do socorrista que primeiro chegar ao local do acidente múltiplo, montar um esquema e separar as “peças” de um desastre de forma a propiciar o melhor cuidado possível a cada pessoa envolvida, solicitando recursos adicionais e reforço para atender adequadamente a ocorrência. Em resumo, o processo de triagem é usado quando a demanda de atenção supera nossa capacidade de resposta e, portanto, devemos direcionar nossos esforços para salvar o maior número de vítimas possível, escolhendo aquelas que apresentam maiores possibilidades de sobrevivência. O primeiro a chegar na cena deve dedicar-se à seleção das vítimas, enquanto chegam as unidades de apoio.
Atualmente é o modelo adotado pela Associação de Chefes de Bombeiros do Estado da Califórnia nos EUA. START é a abreviatura de Simple Triage And Rapid Treatment (Triagem Simples e Tratamento Rápido). O Sistema de triagem simples, permite triar uma vítima em menos de um minuto. Esse método foi desenvolvido para o atendimento de ocorrências com múltiplas vítimas, pois permite a rápida identificação daquelas vítimas que estão em grande risco de vida, seu pronto atendimento e a prioridade de transporte dos envolvidos mais gravemente feridos.

Incidente com múltiplas vítimas (IMV): evento de qualquer natureza que determine um maior volume de vítimas, em um pequeno lapso de tempo, de forma a comprometer os recursos habitualmente disponibilizados.
São ocorrências de diversas causas:
Acidente de ônibus;
Atropelamento de grupo de pessoas;
Soterramento;
Incêndio;
Incidentes em estádios.
Classificação dos IMV
Nível I: 5 a 10 vítimas (situação de emergência controlada com recursos locais);
Nível II: 11 a 20 vítimas (situação que supera os recursos locais, necessidade de apoio regional);
Nível III: mais de 21 vítimas (extrapola a capacidade regional, necessitando de recursos adicionais).
CÓDIGO DE CORES NO PROCESSO DE TRIAGEM     
Cor Vermelha
Significa primeira prioridade: São as vítimas que apresentam sinais e sintomas que demonstram um estado crítico e necessitam tratamento e transporte imediato.
Cor Amarela
Significa segunda prioridade: São as vítimas que apresentam sinais e sintomas que permitem adiar a atenção e podem aguardar pelo transporte. 
Cor Verde
Significa terceira prioridade: São as vítimas que apresentam lesões menores ou sinais e sintomas que não requerem atenção imediata.
Cor Preta
Significa sem prioridade (morte clínica/óbvia): São as vítimas que apresentam lesões obviamente mortais ou para identificação de cadáveres.





 Plano Diretor para Desastres

Avaliação e mapeamento de risco;
Padronização operacional;
Treinamento\capacitação de recursos humanos;
Revisão de recursos materiais;
Organização de sistema de informações operacionais em desastres.

Considerações

Um sistema organizado, para o atendimento pré-hospitalar e resgate deve ter um plano pré-estabelescido para enfrentar um incidente com múltiplas vítimas. O plano deve buscar a forma mais eficiente de oferecer simultaneamente socorro a todas as vítimas.
Faz-se necessário o acionamento de várias equipes (Bombeiros, Samu, Defesa Civil, Cruz vermelha, serviços privados de atendimento a Urgências etc...). No entanto muitas vezes por algum tempo (min ou horas) isso não é possível. Assim a primeira equipe que chega no local deve iniciar um processo chamado de triagem de múltiplas vitimas.
Não existem um critério perfeito de triagem, varia de um sistema para outro e depende de fatores como magnitude, tipo e área de abrangência do evento (desastre, catástrofe, acidente, incidente).


Atendimento a múltiplas vítimas intra-hospitalar

O recebimento simultâneo de multiplas vítimas, oriundas de um mesmo acidente pelo setor de emergência de um hospital de média e alta complexidade é fator rotineiro, se forem duas ou três vítimas. No entanto o hospital pode receber simultaneamente vítimas em elevado número para o qual não dispões de área suficiente, pessoal disponível e serviço de apoio preparados. 
Somente instituições que possuem um plano estabelecido para essas situações é que conseguem, rapidamente, redirecionar seus esforços de forma organizada, possibilitando o atendimento eficiente do maior número possível de doentes, e eventualmente de todos.

O objetivo principal durante uma situação como esta é evitar as mortes, as graves sequelas e o sofrimento, oferecendo o melhor atendimento para o maior número possível de vítimas.

Na prática isso se configura em dar a todos um atendimento eficiente e organizado, e não atendimento completo a cada um dos doentes, conforme sua chegada ou gravidade.

CRAMP TRIAGEM

C – CIRCULAÇÃO

R – RESPIRAÇÃO

A – ABDOME

M – MOTOR OU MOVIMENTO

P – PSIQUISMO OU PALAVRAS



Recomendações:

Iniciar todos os preparativos para receber o número elevado de vítimas tão logo houver conhecimento de um evento de grande proporção nas áreas de referência, e não apenas após a chegada das primeiras vítimas. Pensar a partir das informações que tipo de doentes poderão chegar (considerar os mecanismos de lesão: intoxicação exógena, incêndio, explosão, colisão de veículos automotores etc...).

Preparar a área para recepção e triagem, possibilitando o recebimento das vítimas de maneira organizada por equipe treinada. Incluir profissionais da segurança, reduzir ou impedir a entrada de acompanhantes.

Ampliar a área de emergência, desocupando a área utilizadas por pacientes ambulatoriais, reorganizar rapidamente os espaços incluindo corredores e a própria sala de emergência (espaço para atender o maior número possível de doentes).

Informar outros setores do hospital (reforço de enfermeiros e médicos, alertar os setores vitais/ agencia transfusional por ex).

Na chegada identificar os doentes por número ou outra forma organizada (ausência de identificação gera duplos atendimentos a uns e nenhum atendimento a outros). Realizar triagem mesmo que já tenha sido feita no APH pois as condições podem mudar/ lesões podem está em desenvolvimento.

Definir os coordenadores (enfermeiro e médico) -  Não para assistir os doentes e sim para organizar, definir grupos de profissionais por setor, acionar outros recursos, solicitar apoio para remover doentes para outros serviços (liberar espaço e equipe). Retirar os óbitos do local de atendimento.

Atenção a doentes graves não oriundos do mesmo incidente, estes podem necessitar de atenção com a mesma urgência. Nunca dar ordens que possibilite ou estimulem o atendimento exclusivo das vítimas do evento rejeitando outros doentes.

Referências

ATLS. Suporte Avançado de Vida no Trauma para Médicos. 7.ed. Editora Elsevier , 2004.

NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. Atendimento Pré-hospitalar ao traumatizado. PHTLS. Pre-hospital Trauma Life Support. 6ª ed. Rio de Janeiro. Elsevier. 2012.



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