sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Hipertensão: nova diretriz da AHA muda definição de HAS; veja aqui!

Tempo de leitura: 4 minutos.


Como já vinha sendo anunciado, o congresso da American Heart Association na Califórnia teve como ponto alto a nova diretriz sobre diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial sistêmica (HAS). Mantendo a vanguarda, os americanos mais uma vez inovaram e surpreenderam muita gente ao sugerir uma nova definição para HAS: PAS ≥ 130 mmHg e/ou PAD ≥ 80 mmHg.

Conduta semelhante havia ocorrido na diretriz de dislipidemia, com critérios mais “precoces” para diagnóstico e início de tratamento farmacológico. A pergunta é: qual a evidência por trás disso? Houve algum novo estudo inovador e bombástico sobre HAS? Esse é o ponto-chave, no qual muitos pesquisadores têm criticado a nova diretriz.

Eles acham que os estudos que embasaram as conclusões da AHA não têm a robustez necessária para levar a novas definições e metas, mas sim a estudos mais profundos sobre o assunto. A dúvida então é se estas novas recomendações “vão colar” e se transformar em prática.

Nosso objetivo nesse texto não é discutir se as diretrizes estão corretas ou não, mas sim resumir do ponto de vista prático o que AHA passa a recomendar a partir de agora em HAS.

Diagnóstico e classificação

Passa a ser considerada hipertensão arterial sistêmica a presença de PAS ≥ 130 mmHg e/ou PAD ≥ 80 mmHg.

Não mudam as recomendações sobre técnica e momento da medida da pressão arterial, mas é incentivado o uso de medidas ambulatoriais, seja por MAPA ou MRPA.
Classificação:



Rotina Laboratorial
A avaliação complementar do hipertenso também está mais longa, principalmente se comparada com recomendações nacionais:
•           Hemograma
•           Glicose
•           Creatinina e taxa de filtração glomerular estimada
•           Sódio
•           Potássio
•           Cálcio
•           TSH
•           Perfil lipídico
•           EAS
•           Eletrocardiograma

Já o ácido úrico sérico, a relação albumina-creatinina em amostra urinária e o ecocardiograma ficaram como “opcionais”.
Tratamento
A decisão de quando e como iniciar o tratamento farmacológico não se baseia no valor da PA mas sim no cálculo do risco cardiovascular pelo escore global de Framingham, chamado “ASCVD risk calculator” e disponível no WB.

O alvo terapêutico é uma PA < 130/80 mmHg, sendo que em pacientes de alto risco cardiovascular é feita menção especial que o alvo pode ser < 120/80 mmHg caso haja boa tolerância ao tratamento medicamentoso. Por outro lado, situações especiais podem indicar como alvo o antigo < 140/90 mmHg, sendo citado na diretriz os casos com escore global < 10% e/ou AVC/AIT recente.


É recomendado o início de terapia combinada (2 anti-hipertensivos) se HAS estágio 2 e/ou se a PA medida estiver acima da meta em mais de 20/10 mmHg (sistólica/diastólica). Em idosos, considere “pegar mais leve” devido ao risco de hipotensão postural e quedas.


Os fármacos de primeira linha permanecem os mesmos (tiazídico; iECA ou BRA; e BCC), mas é enfatizada a maior eficácia de tiazídicos e bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) em negros.


Uma vez iniciado o tratamento, a reavaliação será mais precoce (1 mês) em pacientes estágio 2.





*Associada ao tratamento não farmacológico.

**Doença aterosclerótica manifesta, diabetes melito e/ou doença renal crônica.
O tratamento não farmacológico não veio com muitas novidades, mas sim ênfase e maior precisão no que está sendo recomendado:


 


Para alívio do pessoal do plantão, emergência hipertensiva foi mantida como a elevação da PA > 180/120 mmHg ASSOCIADA a lesão aguda de órgão-alvo. É este cenário que exige internação e controle rápido da PA.Urgência e emergência hipertensiva

Por outro lado, urgência hipertensiva fica caracterizada por elevação > 180/120 mmHg na ausência de lesão aguda e/ou piora de lesão em órgão-alvo. Na maioria das vezes, está associada a má adesão ao tratamento e ansiedade e a diretriz corrobora o tratamento ambulatorial destes casos!

Os demais pontos da diretriz, como rastreamento de hipertensão secundária e hipertensão na gestação, não trazem mudanças substanciais em relação à prática corrente.

https://www.youtube.com/watch?v=gmMlfyllkfA




Fonte: https://pebmed.com.br/nova-diretriz-sobre-hipertensao-da-aha-muda-definicao-para-has-veja-os-keypoints/

Referências:

2017 Hypertension Clinical Guidelines (http://professional.heart.org/professional/ScienceNews/UCM_496965_2017-Hypertension-Clinical-Guidelines.jsp)

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