domingo, 18 de dezembro de 2011

Injustiça venceu na saúde

O público e o privado: em um país onde 100% dos gastos com saúde privada podem ser abatidos do imposto de renda, não há razões aceitáveis para combater a criação de impostos para a saúde. 

Paulo Moreira Leite na Revista Época


Uma semana depois que o Congresso rejeitou toda possibilidade de se criar uma nova fonte de recursos para a saúde pública, a verdade começa a aparecer. E ela é imoral. Não há razões aceitáveis para se combater a criação de impostos para a saúde num país onde 100% dos gastos com saúde privada podem ser abatidos do imposto de renda.


Considerando o tamanho do subsídio oferecido, é vergonhoso dizer que se pretende proteger o contribuinte de impostos extorsivos. O que fez foi manter um sistema desigual e injusto, onde 25% dos brasileiros que têm acesso a medicina privada consomem 45% dos gastos do país com saude, enquanto 75% disputam o resto. Não tenho nada contra quem prefere tratar-se pelo sistema privado. Só acho que seria mais justo que essas pessoas pagassem suas contas.


Depois que o risco de criação de novas fontes de financiamento terminou, aqueles analistas que diziam que era tudo um problema de gestão já admitem que vivemos um caso de “subfinanciamento”, eufemismo para dizer que vai continuar faltando dinheiro.


Fala-se em “reforçar os esforços de gestão”, o que é sempre útil mas vamos eu gostaria de saber onde estão os bons exemplos e as lições a seguir. A medicina privada vive sem dinheiro. Médicos privados já fazem greve, o que se

dizia ser um pesadelo exclusivo do serviço público. Planos de saúde tem reserva de leitos em hospitais públicos que, em penúria cada vez maior, já não conseguem dispensar o sistema de duas portas. Mesmo condenável sob tantos pontos de vista, ele garante recursos que o Estado recusa.

O sistema atual ajuda a concentrar renda.


Beneficia quem tem renda alta e muito impostos para abater. Mas é péssimo para quem ganha pouco e não pode pagar na frente. O esforço para esvaziar a saúde pública chegou a um requinte máximo. Numa votação anterior, já se havia negado a possibilidade de se criar uma nova contribuição para reforçar os gastos com saúde. Houve um cuidado, porém. Manteve-se a possibilidade de criar a contribuição, eliminando-se apenas o artigo que regulamentava a cobrança. Com isso, abria-se a possibilidade, no futuro, de que a contribuição pudesse ser criada. Para se evitar que, em outros momento, surgisse um projeto regulamentando a contribuição, até este artigo de princípio, sem efeitos imediatos, foi eliminado.


É triste. Nos Estados Unidos, único país de PIB relevante que tem um sistema de saúde privado no planeta, a população gasta muito mais do que os europeus por um serviço reconhecidamente pior. Isso porque a saúde é um direito público.


Toda tentativa de transformá-la numa mercadoria rentável, como sabonetes ou automóveis, está condenada ao fracasso e ao desperdício. No início da década passada, pude assistir a boa palestra sobre isso, nos Estados Unidos, feita pelo então ministro da Saúde José Serra.


Vive-se nos EUA um quadro tão dramático que apenas a mobilização da ultra-direita do Tea Party, financiada pelos barões da saúde privada e pelos fanáticos ideológicos do mercado, impede o fortalecimento de um sistema público capaz de

atender as necessidades da classe média.

O governo Dilma e sua bancada bateram em retirada num debate importante e decisivo para a igualdade no país. Negaram-se a apoiar a contribuição para a saúde. Perderam uma grande oportunidade política. Sua atitude vai alimentar o ressentimento explorado por quem adora denunciar os maus serviços do SUS — nem sempre são tão ruins assim — e lembrar que na hora de cuidar da própria saúde nossos governantes procuram hospitais privados que parecem hotéis de luxo.


Do ponto de vista econômico, a manutenção de um sistema público precário atende a interesses dos grandes bancos, que são donos dos principais serviços de saúde privada.


Do ponto de vista social, o resultado é manter a desigualdade e afirmar a diferença entre os cidadãos. A injustiça é inacreditável. Quem prefere andar de carro e táxi em vez de metrô e ônibus deve pagar um preço, concorda?
 
Fonte: http://www.blogdosus.com/2011/12/injustica-venceu-na-saude.html

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Usuários do Caps Marambaia Belém-Pa, realizam festa de Natal

Um grande sarau natalino marcou a confraternização dos usuários do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da Marambaia, vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). Com 71 servidores, o local atende mais de 1.000 portadores de transtorno mental dos bairros da Marambaia, Satélite, Benguí, Cabanagem, Tapanã, Val-de-Cães, Souza, Parque Verde, Atalaia, Sideral e Castanheira.
Realizada durante toda a manhã desta quarta-feira, 14, a festa contou com a participação do grupo musical Flauta Doce em Harmonia, do grupo de dança do Caps Grão Pará, localizado no Jurunas, e de um coral composto por pacientes do próprio Caps Marambaia. Ao final, foi servido um almoço aos usuários e aos seus familiares.
O Caps Amazônia está localizado na área de abrangência da 1ª Regional de Saúde da Sespa e tem como missão assegurar aos pacientes portadores de transtorno mental grave ou persistente, atendimento integral, visando a sua reinserção na sociedade. O Centro atende a pacientes encaminhados do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, das Unidades de Saúde e também demanda espontânea.
Conforme explica a diretora do Caps Marambaia, Benedita Amélia Santos, a confraternização sela 2011 para lembrar o empenho dos servidores em prol da função do lugar, que se traduz em um serviço que substitui a internação psiquiátrica e tem o objetivo de promover a inserção social das pessoas portadoras de transtorno mental na família, no trabalho e na comunidade, com a ajuda de uma equipe multidisciplinar.
Como Caps tipo I, oferece atendimento individual, em grupo, oficinas terapêuticas e atividades comunitárias, incluindo, por exemplo, consultas especializadas, fornecimento de medicamentos, passeios, comemoração de datas festivas, assembleia de pacientes e familiares, visitas domiciliares, atendimento à família e atividades comunitárias. No local é dispensada uma atenção diária aos portadores de sofrimento psíquico severo e as ações são desenvolvidas por uma equipe composta por profissionais da área de Psicologia, Psiquiatria, Terapia Ocupacional, Serviço Social, Enfermagem e Educação Física.
Em funcionamento desde 2010 no endereço atual e numa casa com amplo espaço, Benedita Amélia destaca que o Caps Amazônia está em processo de mudança para ser transformado em Caps III, o que deve acontecer em 2012, quando funcionará durante 24 horas. Cada ambiente da casa tem um nome regional: Espaço Muiraquitã, Sala Pará, Rondônia, Amazonas, Roraima, Tocantins, Tamba-Tajá, Jatobá, Espaço Uirapuru, Salão Marajoara e a cozinha Açaí.
Os momentos de confraternização em torno de datas comemorativas, como Natal, Páscoa e Festas Juninas, já fazem parte do tratamento dos usuários. “Contamos com uma maior participação da família, através de reuniões, grupos de apoio e até oficinas terapêuticas que visam aproximar e também cuidar dos familiares. Hoje o cuidado realizado nos Caps possibilita a conquista do direito à cidadania e à participação da vida junto a família e a comunidade “, conclui Benedita.
Serviço: O Caps Amazônia fica na Avenida Tavares Bastos, Passagem Dalva nº 377, entrada ao lado do Supermercado Yamada. Telefone: (91) 3238-0511.

Fonte: http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=90222