Conforme
avaliado pelo MS, houve redução da taxa de mortalidade por AVE ou
AVC no país. Essa redução foi de 32% em dez anos e ocorreu em
indivíduos de até 70 anos. Ainda no segundo semestre de 2012,
o MS também divulgou o novo protocolo de assistência ao paciente
com AVE isquêmico e hemorrágico, por meio da Portaria n. 664,
de 12 de abril de 2012 (BRASIL, 2012).
Na
portaria há previsão de ampliação da assistência voltada às
vítimas mediante a reestruturação dos serviços prestados e ainda,
como novidade, a incorporação do trombolítico e
fibrinolítico Alteplase (com
indicação para AVE isquêmico dentro de quatro horas e meia). O uso
deste fármaco permeia a redução dos riscos de sequelas em 31%,
reduzindo também o índice de mortalidade em até 18% (BRASIL,
2012b; BRASIL, 2012c; AME, 2009).
Estima-se
que até o ano de 2014 serão investidos em todo o país o total de
437 milhões para ampliar a assistência às vítimas de AVE,
propiciando o aumento na quantidade de leitos hospitalares, onde
pretende-se criar 1.225 novos leitos nos 151 municípios que
concentram 231 prontos-socorros. Além disso, parte dos insumos será
destinada ao tratamento com uso do Alteplase, 96 milhões ao total
(BRASIL, 2012a). Com
todas essas modificações e previsões de melhorias, vamos relembrar
os aspectos principais do acometimento por AVE isquêmico e
hemorrágico? Você lembra quais são as diferenças entre ambos e
quais suas principais ações enquanto profissional de enfermagem no
atendimento aos pacientes?
O
AVE, ou o “derrame”, como é popularmente conhecido, constitui um
importante problema de saúde púbica no mundo sendo uma das mais
importantes causas de morte. A doença atinge cerca de 16 milhões de
pessoas a cada ano, provocando a morte de em média 6 milhões dos
acometidos. No Brasil, apenas no ano de 2011 foram registradas
172.298 internações e 99.159 óbitos (BRASIL, 2012c).
O
AVE pode ser definido como uma síndrome de rápido desenvolvimento
de distúrbios clínicos da função cerebral que pode culminar em
danos neurológicos permanentes ou transitórios. Pode ainda levar ao
coma ou à morte, não possuindo outra causa aparente além da de
origem vascular. Sua ocorrência é causada por trombose, embolia ou
hemorragia (ROLIM; MARTINS, 2011; COSTA; SILVA; ROCHA, 2011).
No
AVE há uma interrupção súbita da circulação cerebral (em um ou
mais vasos sanguíneos), promovendo obstrução total ou parcial do
suprimento sanguíneo e oxigênio, que pode levar a grave lesão
celular ou necrose. Neste sentido, o prognóstico é sempre melhor
quando há uma ação ágil que promova a restauração rápida da
circulação (BIRNEY et al., 2007).
No
contexto do AVE isquêmico, a causa mais comum da interrupção do
fluxo sanguíneo é o bloqueio total ou parcial da artéria que nutre
determinada área cerebral. Este fenômeno pode ocorrer por conta de
uma aterosclerose2 ou
pela formação de um coágulo ou deslocamento de um trombo (BIRNEY
et al., 2007).
Representa,
na população nacional, segundo diferentes estatísticas, entre 53%
a 85% dos casos (ROLIM;
MARTINS, 2011, p.2106).
Já
no AVE hemorrágico há sangramento no encéfalo ou em seu entorno
provocando compressão e lesão tecidual. A hemorragia entre o
cérebro e o crânio é chamada de hemorragia subaracnóidea e pode
ser causada pela ruptura de aneurismas, traumatismos cranianos
ou malformações arteriovenosas. Se a hemorragia ocorre no
tecido cerebral propriamente dito, deve ser intitulada de hemorragia
intracerebral, tendo como causa principal a hipertensão arterial
(BIRNEY et al., 2007).
Nota-se
que essa patologia possui elevada capacidade em gerar danos
neurológicos dependendo do local, tamanho da área de perfusão
insuficiente e ainda a quantidade de fluxo sanguíneo colateral da
lesão. Dentre os danos provocados pelo AVE, verifica-se desde
disfunções quanto a ansiedade e depressão até distúrbios
motores, sensoriais, cognitivos e de comunicação (CAVALCANTE et
al., 2012;
ROLIM; MARTINS, 2011; COSTA; SILVA;ROCHA, 2011).
Caro colega, vejamos a seguir os sinais e sintomas do AVE:
Os
sinais e sintomas gerais que podem ser imediatamente verificados num
AVE incluem:
Fraqueza;
Insensibilidade
unilateral de membros;
Distúrbios
na fala e visão;
Cefaleia;
Tonturas;
Alterações
no nível de consciência.
E,
além disso, verifica-se que outras manifestações clínicas são
associadas de acordo com o envolvimento de cada artéria (artérias:
vertebral anterior, cerebral média, cerebral posterior,
vertebrobasilar, e carótida) (BIRNEY et al., 2007).
O
cuidado na fase aguda, principalmente nos casos de AVE isquêmicos,
deve ser o mais rápido possível, a fim de se evitar morte de tecido
cerebral, assim para que a as ações sejam efetivas é necessário
um conjunto de tecnologias disponíveis no tempo correto, tais como a
tomografia computadorizada, preferencialmente, dentro das primeiras
quatro horas desde o reconhecimento dos sinais e sintomas (ROLIM;
MARTINS, 2011).
Em
muitos trabalhos há a evidenciação de que o uso de exames de
imagem é fator preponderante para diagnósticos diferenciais e para
as definições e prescrições terapêuticas a serem implementadas,
onde se reafirma a importância de um bom aparato no atendimento
hospitalar, e nesta mesma perspectiva há a real necessidade das
medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde a fim de melhorar a
estrutura do SUS no manejo desta patologia.
Como
sabemos o cérebro possui dois hemisférios: o hemisfério direito
que controla o lado esquerdo do corpo e o hemisfério esquerdo que
controla o lado direito do corpo. Dessa forma, dependendo do local
onde o AVE ocorrer teremos diferentes contextos de lesões e de
deficiências neurológicas a serem trabalhadas pelos profissionais
de saúde e pela enfermagem, já que a reabilitação é
crucial para a recuperação dos pacientes (BIRNEY et al., 2007;
ROLIM; MARTINS, 2011; COSTA; SILVA;ROCHA, 2011).
A seguir é possível observar as principais deficiências pós-acidente vascular encefálico:
A seguir é possível observar as principais deficiências pós-acidente vascular encefálico:
AVE
Esquerdo
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|
Paralisia direita
|
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Deficiências
visuais e da fala
|
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Comportamento
lento e cauteloso
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Hemianopsiado
campo visual direito
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Perda
da memória e da linguagem
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Disartria direita
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Arfasia
|
|
Apraxia
|
|
Hemiparesia
|
AVE
direito
|
Paralisia
esquerda
|
Deficiências
espaciais de percepção
|
Comportamento
rápido e impulsivo
|
Hemianopsia
do campo visual esquerdo
|
Perda
de memória em apresentações
|
Neste
cenário, a Enfermagem assistencial defronta-se com desafios não só
no que concerne ao pronto-atendimento dos pacientes, como também
quanto às intervenções necessárias aos acometidos que se tornam
dependentes por determinadas sequelas sob as quais estão em risco ao
serem diagnosticados por essa patologia (CAVALCANTE et al., 2012).
Em
relação ao tratamento, como considerações de enfermagem
importantes, temos a prevenção de maiores complicações por meio
do tratamento imediato que visa à sobrevivência e à prevenção de
complicações. Dentre os elementos mais importantes figuram a
avaliação neurológica contínua, suporte respiratório,
monitorização contínua dos sinais vitais, posicionamento cuidadoso
(imedindo-se contraturas e aspirações), controle de problemas
gastrointestinais, assim como monitorização de líquidos,
eletrólitos e estado nutricional (BIRNEY et al., 2007).
Em
relação às medidas educativas tanto nas orientações aos
pacientes, familiares e cuidadores no pós-evento, como também
quanto aos aspectos preventivos da doença, exalta-se a importância
da enfermagem quanto à educação em saúde.
Cabe
ao profissional de enfermagem fornecer todo o respaldo informacional
quanto aos riscos do desenvolvimento do AVE e como adequar-se as
medidas preventivas.
Sobre
as medidas de maior relevância a serem trabalhadas na educação em
saúde preventiva, torna-se importante enfatizar a necessidade de
controle de doenças como Diabetes Mellitus e
Hipertensão Arterial, a necessidade de manter uma dieta com baixas
taxas de colesterol e sal, e ainda o controle de peso e do estresse,
evitando-se o uso de tabaco e o estilo de vida sedentário (BIRNEY et
al., 2007).
Ademais,
a orientação voltada à procura do serviço de saúde mais próximo,
mediante ao aparecimento de sintomas também é fator importante para
garantia do melhor prognóstico possível. Pois, os serviços de
urgência e emergência bem como os centros de referência
distribuídos em todo território nacional têm a capacidade de agir
conforme protocolos estipulados para essa patologia (BIRNEY et
al.,2007).
Fonte:http://www.jornadaead.com.br/cofen/atualizacoes/Atualizacao_Acidente_Vascular_Encefalico_contextualizacao_dos_cuidados_de_enfermagem.html
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