quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Acidentes por animais peçonhentos: atualizando o saber da enfermagem


Os acidentes por animais peçonhentos são reconhecidos por subcategorias, conforme o agente causal, dessa forma, os acidentes podem ser provocados por serpentes, aranhas, lonomias, escorpiões e outras lagartas (BRASIL, 2010).
Esses acidentes constituem um relevante problema de saúde pública dada a sua alta incidência em todos os anos nas varias regiões do Brasil. Segundo dados do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) somente no ano de 2012 foram notificados 39.960 casos de acidentes com escorpiões em todo o país (BRASIL, 2013).
O envenenamento provocado pelo escorpião também pode ser intitulado escorpionismo, nele há inoculação de toxinas por meio do aparelho inoculador ou ferrão do animal, localizado na região distal da calda,a qual pode deflagrar reações localizadas ou sistêmicas (BRASIL, 2010; BRASIL, 2009).
Os escorpiões não possuem o hábito de atacarem o homem de modo intencional, o acidente geralmente ocorre pelo contato com o animal fazendo-o reagir mediante a situação de risco. O risco de ocorrências pode ser verificado com qualquer espécie de escorpião mediante ao contato com o ser humano. Além disso, uma vez que o acidente tenha ocorrido, não há imunidade adquirida (BRASIL, 2010).
Na maior parte das espécies conhecidas e de relevância médica, o veneno acaba por estimular canais de sódio nas terminações nervosas de forma inespecífica, também provocando a estimulação nervosa periférica sensitiva, motora e do sistema nervoso autônomo (BRASIL, 2010).
Verifica-se que todas as espécies de escorpiões possuem veneno com potencial de injetá-lo por meio de seu ferrão, o nível de risco de cada espécie é determinado pela relação entre a toxicidade do veneno e o indivíduo. Além disso, a gravidade desse tipo de acidente é dada também pela quantidade de veneno injetado, a região acometida (local da picada) e também pela sensibilidade da pessoa ao veneno (BRASIL, 2010).
Nesse sentido, em geral, a sensibilidade é maior na proporção em que a idade da pessoa diminui, ou seja, quanto mais jovem, maiores as chances de uma reação acentuada e de um envenenamento sistêmico grave. Em geral nos adultos, é possível observar quadros benignos como consequência de reações locais (BRASIL, 2010). 

De acordo com o exposto pelo Ministério da Saúde (2010), as manifestações clínicas no âmbito do escorpionismo podem ser classificadas em locais e sistêmicas. Vamos ver quais são elas?
Manifestações locais
 O sintoma imediatamente verificado é a dor que pode irradiar-se para as regiões adjacentes ou membro todo, sinais inflamatórios não são muito evidentes. O quadro álgico também pode estar acompanhado de parestesia, eritema e sudorese na região circundante à picada. O ápice do desenvolvimento das manifestações locais ocorre nas primeiras horas após o acidente, muito embora este período tenha a duração de até 24 horas.
Manifestações sistêmicas
Em um curto período de tempo, dentro de um intervalo de minutos até no máximo três horas, podem surgir em crianças algumas manifestações sistêmicas, essas manifestações ocorrem por conta de um descompasso entre o sistema nervoso simpático e parassimpático, sendo responsáveis pelas formas graves de escorpionismo. Dentre os sintomas destacam-se a intensificação da sudorese, agitação psicomotora, tremores, náuseas, vômitos, sialorreia, hiper ou hipotensão arterial, arritmia cardíaca, taquicardia, insuficiência cardíaca congestiva, edema pulmonar agudo e choque.  
Uma vez instauradas as manifestações clínicas, o diagnóstico é clínico-epidemiológico, não existindo nenhum exame laboratorial para confirmação. Em muitas das vezes o diagnóstico médico pode ser dificultado, pois a visualização da marca do ferrão costuma ser incomum. Os exames complementares serão úteis para o auxílio nas condutas e acompanhamento de acometidos pelas referidas manifestações sistêmicas (BRASIL, 2010; BRASIL, 2009).

E o tratamento como é feito?
 O tratamento nos casos de manifestações clínicas locais costuma ser sintomático. Já o tratamento específico consiste em administrar soro antiescorpiônico (SAEsc) ou antiaracnídico (SAA) aos pacientes moderados a graves. A maior parte dos casos notificados é considerada benigno/leve e não necessitam de soroterapia, e, dentre os casos graves, a maior parte dos óbitos registrados ocorre em crianças (BRASIL, 2010; BRASIL, 2009).
Como informação de grande valia para a Enfermagem, a administração dos soros deve ocorrer da mesma maneira que os soros antiofídicos, pela via intravenosa, sob constante cuidado para com as possíveis manifestações adversas. Especialmente nos casos pediátricos moderados e graves, a vigilância contínua dos sinais vitais deve ser priorizada, a fim de fornecer suporte diagnóstico e abordagem precoce no manejo das complicações (BRASIL, 2010).
A suscetibilidade de acidentes por animais peçonhentos, em especial por escorpiões ou lacrau, tal como é conhecido em determinadas regiões do país, é aumentada em áreas urbanas pelo acúmulo de lixo e entulhos, que somados ao clima propício, fornecem parâmetros ideais de proliferação (BRASIL, 2010; BRASIL, 2009).
Na maioria das espécies verifica-se maior atividade durante o período noturno, principalmente durante os meses mais quentes e chuvosos do ano. No entanto, por conta das mudanças climáticas verificadas em todo o mundo este padrão tem sido modificado, onde alguns animais têm se apresentado ativos em todas as estações do ano (BRASIL, 2010; BRASIL, 2009).

Caro profissional, e qual é o nosso papel frente à prevenção de acidentes com escorpiões?
Os escorpiões são atraídos pela disponibilidade de alimentos. Uma medida de enfermagem efetiva na educação em saúde e como forma de prevenir a sua proliferação nas residências e no peri-domicílio é orientar a população quanto ao acúmulo de entulhos de lixo e de matéria orgânica, a fim de evitar também a presença de baratas já que estes insetos são o principal alimento dos escorpiões nas áreas urbanas (BRASIL, 2009).
As orientações de enfermagem nas áreas endêmicas podem ocorrer no sentido de como proceder mediante aos casos de acidentes. Nessas ocasiões é de fundamental importância que o atendimento seja realizado o mais rápido possível, dessa forma limpar o local com água e sabão e dirigir-se ao serviço de saúde mais próximo devem ser as ações imediatas da população (BRASIL, 2009).
A orientação dada quanto à captura do animal nos acidentes com serpentes e aranhas também se aplicam no escorpionismo. Nesse sentido, quando houver a possibilidade para tal, a captura do escorpião pode ser um importante auxiliador no diagnóstico médico (BRASIL, 2009). 
[...] A sensibilização de autoridades e gestores de saúde para a implementação de parcerias entre órgãos ligados à limpeza urbana, ao saneamento, às obras públicas e à educação, é imprescindível para a implementação das medidas de controle. Aliado a isso, ações continuadas de educação ambiental e em saúde garantem a perenidade das mudanças geradas a partir das medidas de controle, de maneira que estas sejam incorporadas no dia-a-dia da população (BRASIL, 2009, p. 23). 
Como profissionais de saúde nós também podemos atuar junto às autoridades para a promoção de medidas de controle dos animais peçonhentos de maior relevância em saúde. Compete às autoridades a definição de responsabilidades na vigilância em saúde, unindo forças aos setores de controle de zoonoses, núcleos de entomatologia e demais centros de referências em animais peçonhentos (BRASIL, 2009).

Fonte:http://www.jornadaead.com.br/cofen/atualizacoes/Atualizacao_Acidentes_por_animais_peconhentos_atualizando_o_saber_da_enfermagem.html

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