O
governo federal escalou os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e de
Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para tentar convencer a base a
não votar um projeto que reduz de 42 para 30 horas semanais a jornada de
trabalho de enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem. A
proposta foi incluída na pauta da Câmara pelo presidente Marco Maia
(PT-RS) após acordo com os líderes. A orientação do governo é para
líderes aliados obstruírem a votação retirando quórum do plenário.
A ministra Ideli afirmou que o governo é
contra a proposta pelo impacto nas contas públicas em tempos de crise
econômica internacional. "A posição é muito clara de não votar matéria
que tenha grande impacto por conta da crise, que tudo leva a crer que
será longa", disse, ao deixar a reunião com os líderes. "O problema
desse projeto é que tem impacto nas contas federais, dos municípios, dos
Estados, da iniciativa privada e das entidades filantrópicas",
completou.
Coordenador da bancada da Saúde na Câmara, o
deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) divulgou um estudo que prevê um
impacto de R$ 7,2 bilhões ao ano com a aprovação do projeto porque seria
necessário contratar mais 30% de profissionais para manter o mesmo
serviço prestado atualmente. O cálculo inclui gastos do setor privado.
De acordo com ele, o maior impacto seria sobre as prefeituras e as
Santas Casas. "O projeto é justo, mas o impacto é muito grande e abala o
SUS", resumiu.
A secretária do Conselho Regional de
Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), Glória Maria de Carvalho, disse
que a categoria luta pela redução de jornada desde os anos 80. Ela
destacou que a redução para 30 horas já foi concedida a assistentes
sociais e fisioterapeutas. Glória disse que a proposta foi aprovada pelo
Congresso e vetada duas vezes, pelos presidentes João Figueiredo e
Fernando Henrique Cardoso, e que haveria um compromisso da presidente
Dilma Rousseff, assinado durante a campanha, garantindo que não vetaria a
proposta. A ministra Ideli disse não ter informação sobre esse
compromisso.
A tentativa de votar a proposta é mais um
recado da base ao governo. Insatisfeitos com o baixo volume na liberação
de emendas parlamentares e com a falta de interlocução com o Palácio do
Planalto, deputados governistas tentam constranger o Executivo
incluindo na pauta propostas que não agradam ao governo federal. Ideli
não quis polemizar sobre o descontentamento dos aliados. "Tem que
perguntar isso aos líderes."
Fonte: http://www.dgabc.com.br/News/5965807/ministros-tentam-barrar-projeto-de-jornada-de-enfermagem.aspx
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