quarta-feira, 20 de março de 2013

Hospital de São Paulo realiza transplante de rim incompatível


Médicos do Hospital Samaritano, em São Paulo, realizaram um transplante de rim entre mãe e filha cujos tipos sanguíneos eram incompatíveis para a cirurgia.
A estudante Flávia Grillo, 29, de Volta Redonda (RJ), recebeu um rim da mãe, Nícia Maria Campos Grillo, 63, no fim de outubro de 2012. A operação só foi divulgada agora.
Segundo a nefrologista Maria Cristina Ribeiro de Castro, do Centro de Transplante Renal do Hospital Samaritano, esse é o primeiro transplante do tipo realizado no Brasil.

Estudante Flávia Grillo, 29, que recebeu um rim incompatível de sua mãe
Estudante Flávia Grillo, 29, que recebeu um rim incompatível de sua mãe
A médica explica que, para achar um doador de rim, é preciso verificar a compatibilidade dos tipos sanguíneos e do sistema HLA, espécie de identidade das nossas células. O HLA é hereditário, então sempre há uma compatibilidade de 50% com os pais, o que já é suficiente para um transplante de rim.
"O problema é que parentes podem ser compatíveis por HLA mas ter tipos sanguíneos diferentes", diz Castro.

Flávia Grillo tinha sangue tipo O e sua mãe, tipo A. Pelo sistema ABO, uma pessoa com sangue O só poderia receber transplante de outra com o mesmo tipo sanguíneo.
"Tradicionalmente não se faz esse transplante e a pessoa acaba tendo de ir para a fila esperar um doador falecido", diz a médica.
Estima-se em 30% a parcela de doadores que são rejeitados por incompatibilidade sanguínea.
Para contornar esse problema e realizar a operação em Flávia, que fazia hemodiálise havia cinco anos, desde sofrer uma falência renal causada por lúpus, uma doença autoimune, foi usado um procedimento especial.
A paciente foi internada 15 dias antes da operação e submetida a sessões de plasmaférese, um procedimento que "limpa" o plasma sanguíneo, retirando os anticorpos anti-A de circulação. Foram nove sessões antes da cirurgia e três depois.
"Passava mal, sentia frio, o braço inchou, mas dava para aguentar. Não pensei em desistir, nem passou pela minha cabeça", diz Flávia.
Sem isso, afirma a médica responsável pelo transplante, o rim incompatível seria perdido em uma semana.
"Quando os anticorpos estavam em um nível seguro, fizemos o transplante e os mantivemos num nível baixo até agora. Isso permite que ela tenha um órgão funcionando e a tirou da lista de transplantes", afirma Castro.
A estudante continua tomando remédios imunossupressores como qualquer paciente após transplante. Ela recebeu alta 20 dias depois da cirurgia. "Já voltei a fazer as aulas de inglês e vou começar a faculdade de turismo no Rio", conta Flávia.

A operação foi feita por meio de uma parceria entre o hospital e o Ministério da Saúde. Segundo a nefrologista, outros 29 procedimentos serão realizados nos próximos dois anos para avaliar a eficácia da técnica.
"Imaginamos que, se isso se consolidar, vamos aumentar a chance de doação entre familiares e reduzir a fila."
Para o presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), José Medina Pestana, esse tipo de procedimento é trabalhoso e caro e não deve se tornar rotina. Por causa da filtragem dos anticorpos, o paciente tem maior risco de infecções.
"O melhor para aumentar o número de transplantes de rim é melhorar a captação de órgãos no país", diz Medina.

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1247267-hospital-de-sao-paulo-realiza-transplante-de-rim-incompativel.shtml
Editoria de Arte/Folhapress

segunda-feira, 11 de março de 2013

Termômetro instalado em Belém marca doação de órgãos no Pará


Central de Transplantes do Pará inaugurou na última sexta-feira (1º), o Termômetro da Doação, instalado em shopping center localizado na rodovia Augusto Montenegro, na grande Belém. O painel eletrônico registra os números atualizados de transplantes realizados no estado e a quantidade de pessoas que aguardam por um órgão. Qualquer pessoa que passar pelo centro de compras do shopping poderá interagir com o termômetro, tocando o coração pulsante instalado no aparelho, para manifestar a vontade de ser um doador. O painel ficará no shopping até 24 de março. “O objetivo é levar a ideia para o maior número de pessoas, por isso o termômetro será itinerante, e chegará a vários locais da cidade”, explicou a coordenadora da Central de Transplantes, Ana Cristina Beltrão. De acordo com a Central, em 2012 foram realizados 334 transplantes de órgãos e tecidos, sendo 49 de rim, dos quais sete intervivos, e 285 de córnea. Atualmente, a fila tem 533 pessoas aguardando transplante de córnea, e 764 de rim. Neste ano já foram feitos quatro procedimentos de rim e 45 de córnea. A programação no shopping também conta com atividades educativas desenvolvidas em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma), Fundação Hemopa, Associação de Renais Crônicos e Transplantados do Pará (ARCT-PA), Associação Paraense dos Amigos do Fígado (Apaf), Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN-PA), Hospital Ophir Loyola (HOL), Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, clínicas oftalmológicas e equipes médicas de transplantes.


Pedro Paulo dos Santos, que recebeu transplante de um rim, mostrar a importância de ser doador de órgãos. (Foto: Divulgação/Agência Pará).

Fonte:http://tapajosemfoco.blogspot.com.br/2013/03/termometro-instalado-em-belem-marca.html

sexta-feira, 8 de março de 2013

37% das famílias ainda recusam procedimento de doação de órgãos


Relatório anual da ABTO apresenta o Ceará como 3º Estado com maior número de doadores por milhão da população


A dor de quem perde um ente querido pode se transformar em solidariedade através da doação de órgãos. E o coração dos cearenses parece estar cada vez mais cheio de bondade. Prova disso, é a posição do Ceará no Registro Anual da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO): o Estado é o 3º do País com maior número de doadores por milhão da população (21,4), perdendo só para Santa Catarina (26,4) e Distrito Federal (21,8).

De acordo com a coordenadora da Central de Transplantes, Eliana Barbosa, é preciso melhorar os índices de notificação e conscientização. Contraindicação médica e parada cardíaca também prejudicam o transplante Foto: Marília Camelo

Porém, um desafio surge no cenário de aumento de doações efetivas. Em 2012, por exemplo, 37% das famílias entrevistadas não autorizaram a cirurgia, recusaram o procedimento. De um total de 435 notificações (potenciais doadores), 254 (58%) não obtiveram êxito e só 181 foram doadores efetivos. "O Ceará tem tido a cada ano uma crescente de doações. Entretanto, nós poderíamos ter resultados ainda melhores. Têm que melhorar ainda mais os índices de notificação e de conscientização", diz Eliana Barbosa, coordenadora da Central de Transplantes e membro da diretoria da ABTO.

Relatório da Associação Brasileira aponta também causas de não concretização das doações de órgãos de potenciais doadores notificados em 2012. Dentre as 435 notificações no ano passado, 12% (52) não tiveram êxito por contraindicação médica e 20% (89) por parada cardíaca.

Estudo indica ainda o perfil dos doadores. A maioria é composta de homens, 133 deles contra apenas 48. As principais causas de morte são Trauma Crânio Encefálico (TCE), com 106 casos e Acidente Vascular Cerebral (67). A lista de espera tem, hoje, conforme a ABTO, 604 pessoas aguardando órgãos, maioria por rim (257) e 219 (de córnea).

A pequena Ana Cecília Nobre, 4, é uma que foi beneficiada pela solidariedade dos cearenses. Ela luta há dois anos contra a Leucemia Linfóide Aguda. Após realizar campanha nas redes sociais para conseguir doadores de medula óssea, a mãe conseguiu um doador compatível e conta com ajuda para custear o internamento da criança. "A criança aguardava o transplante que foi marcado para dezembro. Espero que ela aguente a luta até o fim", diz.

Desde 2003, a Fundação Edson Queiroz levanta bandeira da doação através do movimento Doe de Coração, tendo sensibilizado milhares de pessoas e sendo reconhecido pela ABTO com o prêmio Amigo do Doador.

SAIBA MAIS

Relatório anual da ABTO:

Fígado: Ceará fica na liderança por milhão de população por Estado

Rim: Estado fica na 6ª posição nacional, segundo relatório

Coração: Ceará mantém 2º lugar

Pâncreas: Estado está em 4º lugar por milhão da população

Em 2012, foram 435 notificações, sendo que 254 (58%) não tiveram êxito, 181 foram doadores efetivos

Das causas de não concretização das doações, 37% foram devido a recusas familiares, 12% por contraindicação médica, 20% por parada cardíaca e 1% por conta de morte encefálica antes da doação.




Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1231784

Tuberculose e a Vigilância Epidemiológica no Brasil


A Tuberculose tem como agente etiológico o Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), ou ainda o Mycobacterium bovis, africanum e microti, as quais são outras espécies desse bacilo (BRASIL, 2011a).
O homem é o principal reservatório e a sua transmissão é direta, de pessoa a pessoa, principalmente através do ar. A transmissibilidade acontece quando o indivíduo elimina os bacilos e com o início do tratamento terapêutico, há redução na transmissão em poucas semanas (BRASIL, 2011a). Segundo estimativas, uma pessoa que apresenta o quadro clínico da Tuberculose pode infectar de dez a quinze pessoas no período de um ano (BRASIL, 2011a)
 O período de incubação é, em média, de 4 a 12 semanas, porém a maior parte dos casos de Tuberculose Pulmonar ocorrem cerca de 12 meses após a infecção inicial (BRASIL, 2011a).
Para diagnosticar laboratorialmente a Tuberculose, são utilizados os métodos de baciloscopia, cultura, radiológico, prova tuberculínica, exames anátomo-patológico, bioquímico e de biologia molecular (BRASIL, 2011a).
O tratamento é gratuito, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e segue os princípios da associação medicamentosa com doses fixas combinadas de seis medicamentos (Rifampicina (R), Isoniazida (H), Pirazinamida (Z), Etambutol (E), Estreptomicina (S); Etionamida (Et) ), sendo que para crianças abaixo de dez anos, o esquema não inclui o Etambutol (BRASIL, 2011b).
Para o sucesso no tratamento, o Ministério da Saúde soma os medicamentos ao Tratamento Diretamente Observado (TDO). O paciente pode ir ao serviço de saúde para receber a medicação diariamente, ou o profissional de saúde pode ir ao domicílio acompanhar a tomada da medicação. Para isso, recomenda-se acompanhamento de no mínimo 24 tomadas observadas (24 dias de observação) na fase de ataque e 48 tomadas observadas (48 dias de observação) na fase de manutenção (BRASIL, 2011b). 
Caro colega, as informações apresentadas até aqui fazem uma revisão sobre a clínica, o diagnóstico e o tratamento da Tuberculose. Vamos a partir de agora, verificar quais são as atividades desenvolvidas pela Vigilância Epidemiológica?
A Vigilância Epidemiológica da Tuberculose no Brasil
 O objetivo da Vigilância Epidemiológica é conhecer os dados de morbidade e mortalidade, a distribuição, os fatores de risco e a tendência da doença no tempo, fornecendo assim informações necessárias para realizar as ações de controle (BRASIL, 2011a).
As ações da Vigilância Epidemiológica compreendem a definição, investigação, notificação e acompanhamento do caso, visita domiciliar aos casos novos, convocação de faltosos, realização de exames em contatos, vigilância em hospitais e em outras instituições, vigilância de infecção tuberculosa e encerramento dos casos (BRASIL, 2011a).
Vamos saber um pouco mais sobre cada ação?
Definição, notificação e investigação do caso
  No Brasil, os casos de Tuberculose são definidos em todos os indivíduos com baciloscopia ou cultura positiva e indivíduos com diagnósticos baseado em dados clínico-epidemiológicos (BRASIL, 2011a).
Segundo Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011, do Ministério da Saúde (MS), a Tuberculose é um agravo de notificação compulsória, portanto os municípios são responsáveis pela busca ativa, confirmação e notificação dos casos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) (BRASIL, 2011c).
Os laboratórios devem trabalhar em conjunto com a Vigilância Epidemiológica dos municípios, notificando o responsável imediatamente após a confirmação bacteriológica dos casos. É importante que a vigilância do município saiba também dos resultados de resistências medicamentosas, a fim de adaptar o tratamento do doente (BRASIL, 2011a).
Todos os óbitos nos quais a Tuberculose for citada como causa básica ou associada a ele, à vigilância deve avaliar o diagnósticos e verificar se as ações foram realizadas (BRASIL, 2011a).
Visita domiciliar a casos novos e a convocação de faltosos
 A visita domiciliar é indicada para todos os casos novos diagnosticados e a todos os casos de não comparecimento ao serviço de saúde, quando agendado (BRASIL, 2011a). Objetiva criar vínculo com o doente e a família para procurar soluções a possíveis obstáculos à adesão do tratamento.
Já a visita domiciliar aos faltosos deve ser realizada o mais rápido possível, para evitar o abandono do tratamento (BRASIL, 2011a). 
As orientações da equipe de enfermagem são de extrema importância nesse momento, assegurando o sigilo e transmitindo informações sobre a importância e os benefícios do tratamento.
Exame de contatos
A partir de um caso confirmado de Tuberculose, é necessária uma investigação epidemiológica das pessoas que têm contato com o indivíduo, especialmente da mesma residência (BRASIL, 2011a).
No caso de trabalho, escola ou instituições, a equipe da Vigilância Epidemiológica deve avaliar o tipo de contato e o tempo de convivência dos mesmos (BRASIL, 2011a).
Os contatos devem ser convidados a comparecer à unidade de saúde para serem avaliados, por meio de anamnese e exame físico criterioso, a fim de serem identificados e classificados como sintomáticos ou assintomáticos, bem como para que as devidas providências sejam tomadas (BRASIL, 2011a).
Vigilância em hospitais e em outras instituições
Os hospitais como os outros serviços de saúde, devem organizar o seu serviço, a fim de estabelecer um fluxo de referência e contra referência com os demais serviços de saúde. Além disso, devem trabalhar junto com a vigilância epidemiológica local, trocando informações sempre que descobertos novos casos (BRASIL, 2011a).
As Vigilâncias Epidemiológicas estadual e municipal devem organizar a busca de casos novos e a investigação, por meio de exames diagnósticos e de contatos e em instituições de longa permanência, realizando ações em conjunto com essas instituições (BRASIL, 2011a).
Acompanhamento e encerramento dos casos
Para ter um acompanhamento real do tratamento, os profissionais de saúde devem preencher aFicha de Acompanhamento do TDO todos os dias, evitando assim a descontinuidade do tratamento (BRASIL, 2011b).
Os profissionais devem se certificar que no caso de transferência do doente para outro serviço, ele foi recebido e está dando continuidade ao tratamento (BRASIL, 2011b).

Foram várias as atividades da Vigilância Epidemiológica apresentadas aqui. A partir de agora, cabe a nós profissionais utilizarmos meios e estratégias para aperfeiçoarmos o atendimento do paciente portador ou suspeito de Tuberculose.

Pensando nisso, o profissional da enfermagem tem um papel essencial na contribuição para o efetivo controle da doença no País e no aumento da sensibilidade do sistema de vigilância, através de meios que garantam que os casos sejam tratados e a investigação dos contatos seja desencadeada rapidamente. 
Fonte:http://www.jornadaead.com.br/cofen/atualizacoes/Atualizacao_50_tuberculose_e_a_vigilancia_epidemiologica_no_brasil.html

quarta-feira, 6 de março de 2013

Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem


 Síndrome de Burnout, ou Síndrome do esgotamento profissional, foi descrita pela primeira vez por Freudenberger em 1974 como um sentimento de exaustão ou fracasso causado pelo esgotamento de energia, força e recursos emocionais (SOARES, 2007).
Essa síndrome é reconhecida pela Portaria nº 1399/GM de 18 de novembro de 1999 como uma doença relacionada ao trabalho, pertencendo ao grupo V da CID-10, de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados ao Trabalho.
A sensação de estafa, proporcionada pela Síndrome do Esgotamento Profissional, é resultado de exposição prolongada a estressores emocionais no ambiente de trabalho. O trabalhador, que antes era envolvido com suas atividades e clientes, fica desgastado e perde suas energias, resultando no desinteresse em realizar suas funções (BRASIL, 2001).O trabalhador da saúde está entre o grupo mais afetado por essa síndrome. O sofrimento psíquico é considerado inerente no âmbito hospitalar e comum a todos os profissionais da saúde (NOGUEIRA-MARTINS, 2003).  Um estudo realizado em Londres em 1970 identificou um alto nível de tensão, angústia e ansiedade entre os enfermeiros, resultando em absenteísmo, abandonos de tarefa, mudança de emprego e pequenos problemas de saúde (MENZIES, 1970apud NOGUEIRA-MARTINS, 2003).
Contudo, a Síndrome de Burnout não deve ser confundida com outras formas de estresse. Essa síndrome envolve atitudes e condutas negativas no ambiente de trabalho, acarretando em prejuízos práticos e emocionais tanto para o trabalhador como para a organização, sendo diferente do estresse tradicional. Esse último é um esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas não diretamente na sua relação com o trabalho (BRASIL, 2001).
Segundo o manual de Doenças Relacionadas ao Trabalho, do Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout pode ser identificada por meio de:
  • História de grande envolvimento subjetivo com o trabalho, função, profissão ou empreendimento assumido, que muitas vezes ganha o caráter de missão;
  • Sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo (exaustão emocional);
  • Queixa de reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria receber os serviços ou cuidados do paciente (despersonalização);
  • Queixa de sentimento de diminuição da competência e do sucesso no trabalho.
Podem estar presentes também outros sinais e sintomas tais como insônia, fadiga, irritabilidade, tristeza, desinteresse, apatia, angústia, entre outros, que associados aos fatores mencionados acima levam ao diagnóstico da Síndrome de Burnout (BRASIL, 2001).
O trabalho dos profissionais de enfermagem envolve muitos fatores predisponentes dessa síndrome. Por isso, em seguida analisaremos alguns...
Você sabia? Um estudo no Canadá evidenciou que os enfermeiros possuíam uma das taxas mais altas de licenças médicas entre todos os demais trabalhadores. Entre as causas mais comuns para as licenças estavam a Síndrome de Burnout, o estresse induzido pelo trabalho e as lesões musculoesqueléticas. FONTE: SHAMIAN et al., 2003 apud TRIGO; TENG; HALLAK, 2007.
Health Education Authorityclassificou a Enfermagem com a quarta profissão mais estressante. Um dos motivos é a dificuldade em delimitar os diferentes papeis da profissão, resultando em falta de reconhecimento e valorização pelo público, o que geram desmotivação do trabalhador em relação à sua profissão. Outro fator inerente à profissão é o excesso de trabalho, relacionado muitas vezes ao número reduzido de profissionais. A insatisfação com o salário também agrava a situação, pois os profissionais acumulam vínculos empregatícios, o que eleva sua carga horária mensal e prejudica sua qualidade de vida (JODAS; HADDAD, 2009).
A falta de preparo psicológico dos profissionais também gera sentimentos negativos que podem desencadear a Síndrome de Burnout. Por exemplo, a difícil recuperação de um doente pode levar a um sentimento de insatisfação profissional, ou lidar com a morte pode levar ao sentimento de impotência (JODAS; HADDAD, 2009).
Tais sentimentos ou a própria Síndrome influencia diretamente a qualidade da assistência de enfermagem. É sabido que os profissionais de enfermagem trabalham diretamente com os pacientes e suas famílias. A Síndrome de Burnout afeta sua capacidade de compreender emocionalmente o paciente, o trabalho torna-se cansativo e exaustivo e o profissional deixa de agir com empatia, prejudicando a humanização da assistência.
Essa síndrome também aumenta a negligência e imprudência no trabalho, aumentando as chances de acidentes por falta de atenção e concentração.
Para prevenir a Síndrome de Burnout é necessário acompanhamento periódico da saúde mental e física dos trabalhadores da saúde. As instituições devem se basear em evidências científicas para uma abordagem correta na manutenção da saúde mental destes trabalhadores (TRIGO; TENG; HALLAK, 2007). Também podemos prevenir essa Síndrome com atitudes individuais. Precisamos reconhecer nossos limites e não ultrapassá-los, realizar atividade física e reservar tempo para atividades prazerosas, seja ler um livro, ver um filme ou passear com a família. Nossa saúde mental merece nossa atenção, afinal, os cuidadores também precisam ser cuidados, não é mesmo?
Fonte:http://www.jornadaead.com.br/cofen/atualizacoes/Atualizacao_Sindrome_de_Burnout_em_profissionais_de_enfermagem.html

Contenção física: limites e possibilidades para a Enfermagem


No imaginário social ainda convivemos com os estereótipos de loucura e de comportamento agressivo dos portadores de transtorno mental. Paes et al. (2009) apontam que há que se considerar que os pacientes com sintomas agudos podem manifestar comportamento agressivo e agitação psicomotora.
Araujo et al. (2010) corroboram que estudos epidemiológicos demonstraram que os portadores de transtorno mental são suscetíveis a episódios de agressividade e agitação, e na internação 18% a 25% deles apresentam esse comportamento. Entretanto, destaca-se que a maioria dos portadores de transtorno mental não são violentos.
Esse comportamento requer o emprego urgente de tratamento que estabilize o estado mental e reduza o risco dos pacientes machucarem a si mesmos ou um integrante da equipe multiprofissional. As abordagens de acolhimento pela comunicação verbal podem não representar medida efetiva, o que requer contenção física como intervenção nas emergências psiquiátricas (PAES, 2009; ARAUJO et al., 2010).Isso quer dizer que o profissional de saúde deve estar preparado para reconhecer os episódios de agressividade, uma vez que esse comportamento não aparece subitamente, há que se reconhecerem os sinais de alerta. Araújo et al. (2010) comentam que agressão e violência são a continuidade do aumento da tensão em que a pessoa demonstra irritação, depois resiste a ordens e, por fim, confronta os demais e se apresenta violenta.
A contenção física envolve a técnica de restrição dos movimentos do corpo do paciente, restringindo sua habilidade em se mover quando esse oferece perigo para si e para terceiros, por meio de dispositivos mecânicos ou manuais (PAES, 2009; ARAUJO et al., 2010). Para Araujo, et al. (2010) representa, portanto, a resposta final ao comportamento violento iminente, mediante a falha das medidas menos restritivas, ou quando essas não são apropriadas ao contexto clínico. 
A contenção física deve ser realizada por equipes treinadas, com técnica adequada e em ambiente terapêutico. É importante atribuir o mesmo valor à contenção tal como as demais técnicas que são utilizadas no trabalho em saúde (PAES, et al., 2009 , p. 480).
A contenção física é utilizada pela enfermagem como maneira de determinar o limite do comportamento socialmente aceito, devendo ser utilizada somente após serem esgotadas todas as alternativas como abordagem verbal, mudanças no ambiente, eliminação de fatores externos que podem influenciar negativamente o comportamento do paciente, entre outros (PAESet al., 2009). 
Contenção física ou contenção mecânica? 
O termo contenção física é mais antigo, pois quando se internava um paciente em instituição psiquiátrica, só pelo motivo de estar internado, ele já estava sob contenção física, pois se encontrava isolado da sociedade, o que significa que é um termo mais abrangente. Este termo deriva do inglês e alguns livros traduzidos utilizam o termo contenção mecânica, referindo-se às contenções específicas utilizando algum instrumento. Deste modo, os dois termos podem ser utilizados como sinônimos.
Existem outras estratégias que devem ser tentadas anteriormente às medidas restritivas: primeiramente a abordagem verbal pela comunicação terapêutica e, posteriormente, a contenção química. (PAES, 2009) Nesse sentido, Stuart e Laraia (2002) recomendam que a equipe de enfermagem deve evitar que estressores ou elementos externos influenciem o quadro psíquico do paciente, e por conseguinte a agitação psicomotora.
Em que contexto essa prática se inseriu na Enfermagem ?
Historicamente, nas instituições psiquiátricas ficava a cargo dos enfermeiros a realização de procedimentos restritivos e coercitivos, uma vez que tinham função de manter a ordem nos hospícios e, para tanto, utilizavam a força física e contenções físicas. Assim, Paes et al. (2009) destacam que até os dias atuais a contenção tem sido considerada prática da equipe de enfermagem na área de saúde mental.
Nesse sentido, deve ser utilizada com intuito terapêutico, e não um ato agressivo, desumano, antiético e grosseiro de amarrar pessoas. Paes (2009) cita que em alguns hospitais (clínicos e psiquiátricos) o procedimento é descrito equivocadamente como “amarrar o paciente” ao invés de “conter o paciente”. Com isso, devemos voltar nossa atenção para evitar a banalização da contenção física na prática da saúde mental!Após as discussões da reforma psiquiátrica, preconiza-se que o trabalho em saúde mental seja desenvolvido por equipe multidisciplinar, o qual deve ser descrito em projeto terapêutico - registro prévio de todas as ações terapêuticas a serem utilizadas no tratamento do paciente internado no hospital psiquiátrico, visando a sua recuperação (PAESet al., 2009).
Caro colega, você deve estar se perguntando sobre a legislação da Enfermagem, não é mesmo?
Até maio de 2012, não tínhamos uma legislação específica que norteasse o uso da contenção física pelos profissionais de enfermagem. A necessidade de uma legislação própria estava clara, sendo que a falta da legislação gerava muitas dúvidas nos profissionais de enfermagem, os quais seguiam algumas notas técnicas dos Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren).
Sendo assim, por meio da Resolução 427, de 7 de maio de 2012  o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) normatizou os procedimentos da enfermagem no emprego da contenção mecânica, descrevendo as responsabilidades da equipe de enfermagem no cuidado de pacientes que necessitem de tal procedimento.
Em relação à contenção física, existe ainda a Resolução n. 1.598/2000 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que normatiza o atendimento médico a pacientes portadores de transtorno mental e orienta sobre a contenção física, indicando-a como procedimento sob prescrição médica.
Fonte:http://www.jornadaead.com.br/cofen/atualizacoes/Atualizacao_contencao_fisica_limites_e_possibilidades_para_a_Enfermagem.html

Enfermagem e o Paciente Renal Crônico


Colegas, abordarei ao longo dessa atualização sobre o doente renal crônico (DRC) e a sua relação com a via de tratamento mais recorrente para sua patologia hoje, no Brasil que é a submissão à hemodiálise.
Para Santos et al. (2009), o DRC deve receber tratamento adequado de acordo com suas necessidades.  A equipe de saúde através da observação dos profissionais, em especial, dos enfermeiros, deve levar em consideração que o aumento da expectativa de vida da população tem contribuído com a modificação dos hábitos de vida. Com isso as patologias crônico-degenerativas ganharam mais espaço no quadro de saúde da população.
Verifica-se que a grande prevalência de doentes renais crônicos são indivíduos acima dos 60 anos, esse dado interfere diretamente na assistência a saúde, pois esses pacientes exigem maior atenção por parte desses profissionais. Dessa forma, o desenvolvimento de programas para prevenção e manutenção da saúde desses indivíduos se torna essencial para a prática da enfermagem.
O tratamento para que o DRC tenha maiores possibilidades de ter uma vida longeva e com melhor qualidade é a diálise. Essa, por sua vez, exige do paciente estrutura em especial, emocional, pois, é uma terapêutica longa, podendo ser dolorosa e com limitações que incluem restrições alimentares. Além disso, essa terapêutica pode dificultar as relações interpessoais do paciente para com os familiares e amigos, em consequência pode afetar sua autoestima e a visão que tem de si, fazendo com que o indivíduo desconstrua sua autoimagem e se torne mais susceptível a não aceitação de sua patologia (PARADISO, 2006).
Diante disso, o papel da enfermagem é essencial nesse cenário, pois esses profissionais podem auxiliar no processo de aceitação e adesão ao tratamento por parte do paciente. Mais adiante discorreremos isso.
Agora abordaremos as práticas terapêuticas aplicadas para o paciente renal crônico. Vamos prosseguir?
Inicialmente o DRC pode ser tratado por maneiras menos invasivas através do tratamento medicamentoso, do controle de pressão arterial e da adaptação na dieta alimentar. Quando o indivíduo não consegue mais responder de forma satisfatória a terapêutica convencional esse, então é direcionado para o programa dialítico que é tido então, como uma via alternativa já que é bastante invasiva e causa muitas alterações comportamentais ao paciente, conforme já vimos. “No geral, os tratamentos têm oferecido resultados efetivos na expectativa e qualidade de vida, bem como na redução das co-morbidades dos doentes renais”(TRENTINI, et al., 2004).
A diálise como terapêutica e a busca pela qualidade de vida ao DRC
 A diálise é o método pelo qual é realizada a retirada de substâncias, em excesso, e toxinas do organismo do indivíduo quando os rins do doente renal não conseguem mais executar essa função (SMELTZER et al., 2005).
Esquema 1 – Aplicações da diálise.


Fonte: Adaptado BRASIL
Colega, queremos chamar a sua atenção para que observem em sua prática do cotidiano hospitalar, as características que levam a escolha da terapêutica aplicada nos pacientes renais. Hoje abordaremos apenas uma delas, a hemodiálise, sem esquecer a importância dos outros métodos, mas esse é tema para uma próxima atualização. Então, vamos em frente!
A escolha da terapia a ser aplicada no paciente depende de vários fatores e esta escolha deve ser minuciosamente analisada entre paciente, familiares e médico para que nenhuma escolha seja precoce e posteriormente traga consequências negativas ao portador da patologia renal, tais como:
  • Idade;
  • Comorbidade;
  • Conhecimento do indivíduo acerca de sua patologia e terapêutica;
  • Contraindicações (impossibilidade de acesso vascular no caso da hemodiálise)                                                                                                                (BRASIL, 2012).
O paciente deve estar a par de sua situação e das abdicações e mudanças que ocorrerão em especial com seu corpo, esse entendimento é de suma importância, pois direcionará o paciente a adesão ou não ao tratamento, o que, por conseguinte vai delinear quais alterações e em quanto tempo elas aparecerão.
Hemodiálise
A hemodiálise teve sua aplicação clínica iniciada a mais de 60 anos e é definida como uma Terapia Renal Substitutiva (MATOS et al., 2009). Inicialmente a hemodiálise era indicada apenas para pacientes com Insuficiência Renal Aguda (IRA) para mantê-los vivos até a recuperação da função renal. Hoje, com os avanços tecnológicos na fabricação das máquinas de diálise e dialisadores e, principalmente, com o desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas de acesso vascular (junção de uma artéria com uma veia, por exemplo, o chamado shunt artériovenoso), mais de um milhão de pessoas se beneficiam da terapia renal substitutiva na ausência de um órgão vital como o rim (MATOS et al., 2009).
Quando os rins gradativamente se tornam disfuncionais os produtos resultantes da degradação metabólica e o excesso de líquidos que já não é mais excretado por mecanismos fisiológicos normais pode ser removido do sangue através da hemodiálise, caso essas substâncias, tais como, uréia, potássio e sódio não sejam removidos a resultante pode ser muito prejudicial para a saúde do paciente renal (MATOS et al., 2009).
Doenças como Diabetes Mellitus, Uropatia Obstrutiva e Hipertensão podem levar à falência renal. Essa falência ocasiona em suma, a retenção dos liquídos acima citadas, bem como de outras toxinas (CONGRESSO BRASILEIRO DE NEFROLOGIA, 2012).
Dessa forma, a hemodiálise tem como intuito extrair do sangue essas substâncias tóxicas e outras que estejam presentes em excesso no organismo, essa função normalmente é assumida pelos rins, no entanto quando ocorrem disfunções renais a máquina de hemodiálise assume esse papel e passa atuar como um rim artificial durante o momento do procedimento (BRASIL, 2012).
A máquina de hemodiálise atua como um rim artificial para o indivíduo!
O tempo de submissão ao tratamento varia de um paciente para outro e em casos mais graves o indivíduo é submetido ao processo durante toda a vida ou até que seja realizado o transplante renal, que por sua vez, aumenta a qualidade de vida do indivíduo e elimina sua dependência à diálise.
O processo
 No chamado esquema convencional a hemodiálise ocorre em sessões de três vezes por semana, com duração de cerca de quatro horas cada sessão.
A filtração ocorre pelos seguintes mecanismos:Durante o processo da hemodiálise o sangue a ser filtrado é desviado da corrente sanguínea do paciente para o dialisador, onde é limpo e posteriormente regressa ao paciente (BRASIL, 2011).
  • Difusão: retirada de substâncias e toxinas em excesso, com locomoção de uma área de maior concentração o sangue, para uma de menor concentração, que é o dialisado (SMELTZE et al., 2005).
  • Osmose: retirada de água, com locomoção da mesma de uma área de maior concentração o sangue para outra de menor concentração que também é o dialisado (SMELTZE et al., 2005).
Esquema 2: Sistema de Hemodiálise.

Fonte:www.mdsaude.com
O circuito de hemodiálise tem a seguinte composição:

  •  Hemodialisador (filtro)
É o instrumento que permite o contato do sangue com a solução dialisadora (SMELTZER et al., 2005).
Durante o tratamento, o sangue flui por tubos para o hemodialisador e após limpeza do sangue, o mesmo flui do hemodialisador de volta ao corpo do doente (SMELTZER et al., 2005).
  •    Sistema de circulação de sangue
É composto por acesso vascular que pode ser por fístula arteriovenosa -A-V (União de uma artéria com uma veia), enxerto arteriovenoso - A-V  ou cateter e pelo circuito extra-corporal de circulação do sangue que inclui uma bomba que que move o sangue do acesso vascular para o dialisador e novamente ao paciente , um sistema de circulação da solução dialisadora e monitores de segurança que controlam a temperatura e o fluxo do dialisado. (SMELTZER et al., 2005)
  •    Dialisado (líquido)
É resultante de determinados solutos concentrados adicionados a água pura tratada (SMELTZER et al., 2005).
Nas máquinas de hemodiálise o dialisador atua como membrana semipermeável que permite a passagem entre solutos e solventes. Esse processo ocorre através da difusão durante o mesmo, acontece à extração das partículas basicamente pela diferença do peso molecular entre uma e outra. Após a filtração o sangue do indivíduo regressa atingindo assim, o objetivo da terapêutica (SMELTZER et al., 2005).
Para que se atinja a rede venosa e por consequência o sangue possa ser removido do organismo e sofra o processo da hemodiálise hoje, dispomos de vários meios para que consigamos um acesso vascular viável: (SMELTZER et al., 2005).
  • Cateter subclávio;
  • Cateter jugular interno;
  • Cateter femoral;
  • Fístula;
  • Enxerto.
 O paciente em condições de submissão à hemodiálise fica susceptível a diversas complicações dentre elas:
  • Problemas cardiovasculares que inevitavelmente aparecem ou se agravam com o decorre do tempo;
  • Distúrbios lipídico;
  • Insuficiência vascular;
  • Anemia;
  • Fadiga;
  • Apatia;
  • Hipotensão;
  • Alterações musculoesqueléticas;
  • Embolia gasosa                                                                                                  (SMELTZER et al., 2005).
Além das alterações físicas pacientes que são submetidos por longos períodos à hemodiálise tendem a apresentar com mais evidencias quadros problemáticos provenientes de seus períodos em ambiente hospitalar, tais como déficit financeiro, disfunção sexual, alteração de relacionamentos interpessoais, preocupações com o futuro de seus familiares e com o seu ‘amanhã’, além de nem sempre lidarem bem com as alterações no estilo de vida decorrente da terapia, esse último item incide com maior evidência em indivíduos jovens (MATOS et al., 2009).
A expectativa de vida restante de um paciente ao iniciar hemodiálise é apenas cerca de um quarto daquela da população geral com a mesma idade. O que influencia diretamente as complicações que cada indivíduo apresenta é o esquema dialítico adotado (MATOS et al., 2009).
A hemodiálise e a enfermagem 
A atuação da equipe de enfermagem é de suma importância no decorrer de todo esse processo, pois é de sua competência atentar, observar e detectar qualquer alteração durante a terapêutica tanto em reações do paciente quanto anormalidade do dialisador e do dialisado, essa observação é essencial para que a qualidade no processo seja efetiva, evitando-se assim complicações imediatas ou posteriores (SMELTZER et al., 2005). A orientação tanto para os pacientes em ambiente hospitalar como para os em âmbito domiciliar é um caminho muito promissor na busca eminente de minimizar os danos aos pacientes e a seus familiares. É imprescindível e desafiador para o enfermeiro conseguir trabalhar com o paciente tanto física quanto psicologicamente antes de suas sessões de hemodiálise. Em grande parte dos casos o indivíduo apresenta resistência em compreender a terapêutica dialítica. Diante disso, é nosso papel frente a cenário não deixar que nada passe despercebido para que possamos proporcionar a maior eficácia do tratamento, contribuindo para que o impacto sofrido pelo indivíduo seja na medida do possível menos prejudicial (SMELTZER et al., 2005).
Fonte:http://www.jornadaead.com.br/cofen/atualizacoes/Atualizacao_Enfermagem_e_o_Paciente_Renal_Cronico.html


sexta-feira, 1 de março de 2013

Doação de órgãos e tecidos e os dilemas éticos envolvidos



Nas últimas décadas o transplante de órgãos e tecidos tornou-se uma opção terapêutica segura e eficaz no tratamento de várias doenças, delimitando a melhoria na qualidade e na perspectiva de vida, além de proporcionar maior sobrevida aos pacientes em estado terminal (SILVEIRA, 2009; ABTO, 2009).
Entretanto, o número de transplantes ainda é insuficiente para atender a demanda crescente de pacientes que aguardam na lista de espera (SANTOS; MASSAROLLO, 2005). Além disso, há subnotificação da morte encefálica às Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, falta de política de educação continuada aos profissionais de saúde sobre o processo de doação-transplante e recusa familiar em relação à doação de órgãos e tecidos (SILVEIRA, 2009; ABTO, 2009).

Diante disso, o Ministério da Saúde tem aplicado diversas estratégias para o aumento das doações de órgãos e tecidos, dentre elas, destacam-se a melhoria da infraestrutura, principalmente, na capacitação de equipes para realização de contato com os familiares dos possíveis doadores; incentivo financeiro aos hospitais e sensibilização da sociedade, por meio de campanhas anuais de incentivo à doação de órgãos e tecidos (BRASIL, 2012).
Em 2012, as ações do Ministério da Saúde (MS) foram relacionadas ao aumento de repasse de recursos para a ampliação do número de transplantes no Sistema Único de Saúde, estímulo para alguns hospitais que realizam transplante de rim e aumento de custeio financeiro para aquisição de medicamentos para pacientes que realizam transplantes e que apresentam rejeição aguda (BRASIL, 2012).
Figura 1 – Divulgação do MS para incentivo a doação de
órgãos na rede social Facebook.


Fonte: BRASIL (2012).
As ações do Ministério da Saúde têm demonstrado efetividade, isso é visto pelos dados registrados, em 2012, que apontaram que o Brasil bateu o recorde de 13,6 doadores por milhão de população (PMP), já no primeiro quadrimestre deste ano, meta prevista para 2013. No primeiro quadrimestre de 2012, o Brasil registrou o aumento de 29% no número de doadores (726 doadores), sendo que no mesmo período de 2011 foram registrados 564 doadores. 
Interessante esses avanços, não é mesmo?! Mas, caro colega para a garantia do sucesso da doação de órgãos e tecidos, é essencial o estabelecimento alguns quesitos importantes, principalmente na determinação do potencial doador. Você sabe como isso é realizado? Vamos ver como é feito?
Para Santos e Massarollo (2005), o processo de doação de órgãos e tecidos é um conjunto de ações e procedimentos que transformam um potencial doador em um doador efetivo. Mas, o que torna alguém um potencial doador?
Nos casos de doadores vivos, considera-se como potencial doador todo cidadão juridicamente capaz, que, nos termos da lei, possa doar órgão ou tecido sem comprometimento de sua saúde e aptidões vitais, durante ou após a doação. Pela lei, os parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores; os não parentes, somente com autorização judicial (ABTO, 2002).
 Já nos casos de doação de órgãos de pacientes em óbito, é considerado como potencial doador, todo aquele que tenha diagnóstico de morte encefálica, no qual não se tenha contraindicações clínicas que manifestem riscos aos receptores dos órgãos. Esse processo pode demorar horas ou dias, o que pode causar estresse e trauma à família, comprometendo assim o número de doações (SANTOS; MASSAROLLO, 2005).
A definição de morte encefálica (ME) pode variar de acordo com a legislação de cada país. No Brasil, a Lei dos Transplantes (Lei 9.434/97) que normatiza a obtenção de órgãos para transplante, em seu Capítulo II, Artigo 3°, transfere para o Conselho Federal de Medicina (CFM) a responsabilidade de definir os critérios clínicos para o diagnóstico de morte encefálica.
A Resolução nº 1.480/97 do CFM define a morte encefálica como a parada total e irreversível do tronco e hemisférios cerebrais. Nessa situação, a função cardiorrespiratória é mantida através de aparelhos e medicações (ABTO, 2009).
 Antigamente a definição de morte era conceituada pela parada cardiorrespiratória, mas, diante dos avanços da fisiologia, a ME veio substituir essa definição, uma vez que se observou que o que nos mantêm vivos é o funcionamento do encéfalo, que comanda todo o nosso corpo (SILVA, 2009).
Vargas e Ramos (2006) citam que a definição de morte encefálica surgiu também para otimizar a captação de doação de órgãos. 
Diante das mudanças do significado de morte e dos avanços no processo de doação e transplante de órgãos, como a sociedade e a família lidam com a morte encefálica?
A morte encefálica, ainda é pouco compreendida pela população, principalmente, os familiares que tem dificuldade em reconhecer que seu ente querido, que se encontra aparentemente vivo por apresentar batimentos cardíacos e temperatura corporal normal, esteja em óbito. O desconhecimento e/ou não aceitação de morte encefálica é compreensível, pois a maioria das pessoas entende que a morte é a ausência das funções respiratória e cardíaca (SILVA, 2009).
Assim, percebemos o dilema no enfrentamento da morte encefálica pelos familiares, o que interfere desfavoravelmente no processo de doação de órgãos e tecidos, pois de acordo com a Lei 10.211/2001 a autorização da retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas, para transplante, só poderá ser realizada mediante autorização de seus parentes ou cônjuge, firmada em documento subscrito (SILVA 2009; BRASIL, 2001). 
Cabe a equipe de saúde orientar e informar adequadamente os familiares sobre os conceitos da morte encefálica e os benefícios da realização da doação dos órgãos e tecidos. 
Caro leitor, você percebe a complexidade da situação? Nessas situações o profissional deve cuidar tanto da família que perdeu um ente querido, como atuar em prol de possíveis receptores dos órgãos doados. Percebe o dilema ético encontrado nessa situação?
 Saber lidar com a morte, com o luto da família, e tomar decisões e agir correta e eticamente geram dilemas na atuação profissional.
Os dilemas éticos estão presentes nas situações de tomada de decisão ou realização de uma determinada ação. Não podemos deixar de pensar que as pessoas possuem valores morais, culturais e, assim não poderiam se separar deles no exercício de sua profissão.
Neste contexto, a enfermagem juntamente com a equipe multiprofissional, desempenha um papel muito importante, na captação de órgãos, atuando, principalmente, na identificação de doadores, manutenção hemodinâmica e na comunicação com os familiares do doador, sendo esta a mais importante de todos os seus atributos. De acordo com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, Art. 19 é dever desses profissionais respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade do ser humano, em todo seu ciclo vital, inclusive nas situações de morte e pós-morte (SILVA e SILVA, 2009).
A partir da abordagem adequada e dialógico franco e direto, é que se consegue explicar todos os trâmites da doação e transplante de órgãos e tecidos aos familiares, bem como ressaltar a necessidade de prudência na tomada de decisão, a fim de que sejam respeitadas as vontades do parente que faleceu.
Mediante os avanços e mudanças no âmbito da doação e transplante de órgãos, os dilemas envolvidos e a legislação de enfermagem acerca desse tema, é imprescindível que nós profissionais estejamos atualizados para atuar com respeito, competência e ética, possibilitando assim o aumento de doações de órgãos e tecidos.
Fonte:http://www.jornadaead.com.br/cofen/atualizacoes/Atualizacao_Doacao_de_orgaos_e_tecidos_e_os_dilemas_eticos_envolvidos.html