Síndrome de Burnout, ou Síndrome do esgotamento profissional, foi descrita pela primeira vez por Freudenberger em 1974 como um sentimento de exaustão ou fracasso causado pelo esgotamento de energia, força e recursos emocionais (SOARES, 2007).
Essa síndrome é reconhecida pela Portaria nº 1399/GM de 18 de novembro de 1999 como uma doença relacionada ao trabalho, pertencendo ao grupo V da CID-10, de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados ao Trabalho.
A sensação de estafa, proporcionada pela Síndrome do Esgotamento Profissional, é resultado de exposição prolongada a estressores emocionais no ambiente de trabalho. O trabalhador, que antes era envolvido com suas atividades e clientes, fica desgastado e perde suas energias, resultando no desinteresse em realizar suas funções (BRASIL, 2001).O trabalhador da saúde está entre o grupo mais afetado por essa síndrome. O sofrimento psíquico é considerado inerente no âmbito hospitalar e comum a todos os profissionais da saúde (NOGUEIRA-MARTINS, 2003). Um estudo realizado em Londres em 1970 identificou um alto nível de tensão, angústia e ansiedade entre os enfermeiros, resultando em absenteísmo, abandonos de tarefa, mudança de emprego e pequenos problemas de saúde (MENZIES, 1970apud NOGUEIRA-MARTINS, 2003).
Contudo, a Síndrome de Burnout não deve ser confundida com outras formas de estresse. Essa síndrome envolve atitudes e condutas negativas no ambiente de trabalho, acarretando em prejuízos práticos e emocionais tanto para o trabalhador como para a organização, sendo diferente do estresse tradicional. Esse último é um esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas não diretamente na sua relação com o trabalho (BRASIL, 2001).
Segundo o manual de Doenças Relacionadas ao Trabalho, do Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout pode ser identificada por meio de:
- História de grande envolvimento subjetivo com o trabalho, função, profissão ou empreendimento assumido, que muitas vezes ganha o caráter de missão;
- Sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo (exaustão emocional);
- Queixa de reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do público que deveria receber os serviços ou cuidados do paciente (despersonalização);
- Queixa de sentimento de diminuição da competência e do sucesso no trabalho.
Podem estar presentes também outros sinais e sintomas tais como insônia, fadiga, irritabilidade, tristeza, desinteresse, apatia, angústia, entre outros, que associados aos fatores mencionados acima levam ao diagnóstico da Síndrome de Burnout (BRASIL, 2001).
O trabalho dos profissionais de enfermagem envolve muitos fatores predisponentes dessa síndrome. Por isso, em seguida analisaremos alguns...
Você sabia? Um estudo no Canadá evidenciou que os enfermeiros possuíam uma das taxas mais altas de licenças médicas entre todos os demais trabalhadores. Entre as causas mais comuns para as licenças estavam a Síndrome de Burnout, o estresse induzido pelo trabalho e as lesões musculoesqueléticas. FONTE: SHAMIAN et al., 2003 apud TRIGO; TENG; HALLAK, 2007.
A Health Education Authorityclassificou a Enfermagem com a quarta profissão mais estressante. Um dos motivos é a dificuldade em delimitar os diferentes papeis da profissão, resultando em falta de reconhecimento e valorização pelo público, o que geram desmotivação do trabalhador em relação à sua profissão. Outro fator inerente à profissão é o excesso de trabalho, relacionado muitas vezes ao número reduzido de profissionais. A insatisfação com o salário também agrava a situação, pois os profissionais acumulam vínculos empregatícios, o que eleva sua carga horária mensal e prejudica sua qualidade de vida (JODAS; HADDAD, 2009).
A falta de preparo psicológico dos profissionais também gera sentimentos negativos que podem desencadear a Síndrome de Burnout. Por exemplo, a difícil recuperação de um doente pode levar a um sentimento de insatisfação profissional, ou lidar com a morte pode levar ao sentimento de impotência (JODAS; HADDAD, 2009).
Tais sentimentos ou a própria Síndrome influencia diretamente a qualidade da assistência de enfermagem. É sabido que os profissionais de enfermagem trabalham diretamente com os pacientes e suas famílias. A Síndrome de Burnout afeta sua capacidade de compreender emocionalmente o paciente, o trabalho torna-se cansativo e exaustivo e o profissional deixa de agir com empatia, prejudicando a humanização da assistência.
Essa síndrome também aumenta a negligência e imprudência no trabalho, aumentando as chances de acidentes por falta de atenção e concentração.
Para prevenir a Síndrome de Burnout é necessário acompanhamento periódico da saúde mental e física dos trabalhadores da saúde. As instituições devem se basear em evidências científicas para uma abordagem correta na manutenção da saúde mental destes trabalhadores (TRIGO; TENG; HALLAK, 2007). Também podemos prevenir essa Síndrome com atitudes individuais. Precisamos reconhecer nossos limites e não ultrapassá-los, realizar atividade física e reservar tempo para atividades prazerosas, seja ler um livro, ver um filme ou passear com a família. Nossa saúde mental merece nossa atenção, afinal, os cuidadores também precisam ser cuidados, não é mesmo?
Fonte:http://www.jornadaead.com.br/cofen/atualizacoes/Atualizacao_Sindrome_de_Burnout_em_profissionais_de_enfermagem.html
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